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Pessoal, aqui a preparação da comparação granulométrica dos meus moinhos, que já prometi um tempo. O que fiz? Comprei um café honesto, torra média, de torra razoavelmente recente:

5Zne4AM.jpg

Com esse café calibrei os meus moinhos para tirar um espresso de 32,0g (na prática +/- 0,2g) de bebida, usando 16,0g de pó, em 25s. A máquina foi a minha Bezzera Unica (pressão 9bar, temperatura 93oC, filtro VST duplo). Usei o alinhador e tamper Bravo para padronizar o bolo. Seguem as regulagens dos moinhos. 

Bravo Debut

i8vHfMo.jpg

Bravo Mini

FCEOFvI.jpg

Aergrind

PDdCSIz.jpg

Mahlkönig Vario 2, mós de cerâmica 

4IwArZp.jpg

Eureka Mignon MCI

QQwu9kX.jpg

Não inclui o Vario com mós de aço no teste, pois tenho ele regulado para moagens mais grossas e uso ele na prática só para coado. Assim ele vai fazer parte da segunda parte desse teste para coados. Provei todos os espressos (finais) e fiz anotações, mas o objetivo desse teste é cruzar as minhas preferências de moinho para torras diferentes com a unimodalidade/homogeneidade da moagem dos moinhos. Aqui o resultado de duas horas de brincadeira e 500g de café:

GsyfyWF.jpg

Logo mais aqui sobre os resultados. A medição vai ser feita com um granulometro profissional, usando câmeras de alta resolução, com faixa de medição de 1 a 1500 um, não com cascatas de peneiras, como a Socratic faz.  

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Uma das análises mais esperadas há muito tempo. Sempre quis ver na prática as diferenças microscópicas entre a moagem de equipamentos que são grandes referências. E essa análise promete.
Obrigado mesmo pela iniciativa.

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Acho que a coisa mais parecida que eu vi até agora nesse sentido foi esse topico do Home Barista
https://www.home-barista.com/reviews/titan-grinder-project-scanning-electron-microscope-sem-analysis-of-ground-coffee-t4205.html

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19 horas atrás, Rodrigoks disse:

Hum, interessante. O aparelho funciona com leitura de imagens? 

Sim, faz uns 250 imagens por s e analisa carateristicas diferentes das partículas, como comprimento mínimo e máximo, superfície, esfericidade, razão circunferência-superfície ... na verdade tantos que ainda não sei qual é melhor para essa aplicação. A análise é feita com as partículas em jato de ar comprimido. É esse aparelho:

http://www.horiba.com/in/scientific/products/particle-characterization/particle-size-analysis/details/camsizer-x2-12861/

 

15 horas atrás, Bruno Marinho disse:

Acho que a coisa mais parecida que eu vi até agora nesse sentido foi esse topico do Home Barista
https://www.home-barista.com/reviews/titan-grinder-project-scanning-electron-microscope-sem-analysis-of-ground-coffee-t4205.html

A analise por SEM é muito legal mesmo para ver as partículas. A questão aqui é se essa análise é representativa pois só é possível analisar pouco material.

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Fiz ontem as primeiras análises. Misturei as amostras (16g de pó por moinho) bem e dividi em 3 subamostras, pois o aparelho precisa de pouco material. Isso já foi errado pois a diferença entre as 3 subamostras de cada moinho é enorme. Creio que acontece uma estratificação vertical durante o transporte (partículas mais finas no fundo do pote). Um teste rápido com o Aergrind mostrou que moer 3 doses de 5g e analisar cada vez a dose completamente resolve. Assim as medições ficam idênticas. Achei interessante que o pó mostra tanta heterogeneidade interna. Segunda vou refazer o teste sem subamostragem. 

Mas algumas tendências já foram bem claras, p.ex. que pó com menos volume é mais homogêneo/unimodal. Isso foi uma dúvida que eu sempre tinha quando analisando a altura do bolo no portafiltro (comparando moinhos).

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Então, agora os resultados. Repeti as medições três vezes e os resultados são quase idênticos. Vou só mostrar a última medição aqui. Do ponto de vista metodológico teria muito para escrever, p.ex. que em cada amostra de 6g de pó foram analisadas na faixa de 10-12 milhões de partículas em 15.000 fotos. Tb é importante ressaltar que considero essas medições bem exatas, para os meus moinhos, mas que os meus moinhos não necessariamente são representativos para cada modelo/empresa. Como recebi alguns pedidos de incluir o Vario com mós de aço no teste, fiz isso tb, embora uma moagem para espresso demora quase 1min com ele e assim quase vira inviável. Bom os resultados:

Eixo y é a contribuição média para o volume da amostra, x o diametro médio das partículas em escala log (veja tabela para uma descrição melhor).

HGPVV76.jpg

Aqui uma versão cumulativa desse gráfico (eu acho mais fácil para entender; é importante considerar a escala log, assim pequenas diferenças no fim das curvas tem um efeito enorme na granulometria):

2GZtXHK.jpg

E um resumo da analise (diametro, esfericidade, simetria, e razão largura:comprimento das partículas):

AJ2Y6Ny.jpg

Algumas conclusões pessoais (entre muitas conclusões possíveis):

1) Usei um café de torra média+, já passou do ponto que eu acho agradável no espresso, a torra matou a acidez e tinha bastante sabor de torra e amargor. Com os moinhos que entregam uma moagem mais homogênea, e assim um diametro médio menor de partículas (Vario com mós de aço, Eureka) esse café ficou muito nojento. Já com os moinhos com moagem mais heterogênea (Debut, Aergrind) esse café ficou quase bebível. Claro que o efeito com torras claras é outro ... 

2) Na comparação Bravo Mini - Debut, o meu Mini claramente entrega uma moagem mais homogênea do que o Debut. Gosto mais do Mini para torras claras e do Debut para torras médias. Já suspeitava que tem a ver com a granulometria, agora tenho certeza.

3) Nenhum dos meus moinhos é unimodal (tipo EK43), mas justamente os dois que acho mais interessantes para torras claras (Vario com mós de aço e Eureka) são mais unimodais (ou com moagem mais homogênea) do que os outros. 

4) Observando algumas das imagens que o equipamento fez, achei nenhuma diferença notável na forma das partículas entre os moinhos. Como os índices de esfericidade e simetria, e a razão largura:comprimento tb foram bem parecidos entre os moinhos, creio que a forma geral das partículas não faz muita diferença. Já a superfície microscópica que as cortes de mós diferentes causam pode ser uma outra história...

Abçs, Burny 

******************************

EDIT:

Consegui fazer os gráficos no formato da Mahlkönig (volume total de classes logarítmicas de tamanho). São histogramas apresentadas como curvas, e assim meio duvidosas, mas  interessante para comparar:

VpOWcZz.jpg

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Como a moagem é pra espresso, isto é, explora uma faixa mais fina de moagem, pode explicar a homogeneidade no formato das partículas, já que a literatura afirma que as menores são mais esféricas e as maiores que são irregulares.

Excelente trabalho!

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Creio que outra conclusão possível é que cada moedor exigirá um acerto diferente nas variáveis de extração pra produzir um resultado sensorialmente agradável, apesar de que para efeitos de parametrização não vejo muito como fugir de fixar BR e tempo, pois do contrário se cai na subjetividade.

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27 minutos atrás, Rodrigoks disse:

Como a moagem é pra espresso, isto é, explora uma faixa mais fina de moagem, pode explicar a homogeneidade no formato das partículas, já que a literatura afirma que as menores são mais esféricas e as maiores que são irregulares.

Excelente trabalho!

Bem provavel que o formato das partículas seria muito diferente num teste com moagem para coado. Incl. estou pensando em fazer esse teste, tipo regulagem dos moinhos para o v60 descer em 3 min. Aqui seria interessante incluir uns extremos (Hario, Mimoso, Mythos, EK43 ...). Mas como não tenho esses moinhos, precisaria da colaboração dos colegas do CdC.

15 minutos atrás, Rodrigoks disse:

Creio que outra conclusão possível é que cada moedor exigirá um acerto diferente nas variáveis de extração pra produzir um resultado sensorialmente agradável.

Concordo plenamente.

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Outra conclusão: Preciso de um EK43s. É bem óbvio. Bom, a esposa não concorda ...

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Kkkkkkkk, boa Burny.
Ja defini eu aqui também, vou acelerar meu MINI MINI,  considerando o desempenho do Aergrind.


Gil,
Não tive bala na agulha para o Mini.mas estou de olho no Mini Mini.


Enviado do meu iPhone usando Tapatalk
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12 minutos atrás, Gilberto disse:

Kkkkkkkk, boa Burny.

Ja defini eu aqui também, vou acelerar meu MINI MINI,  considerando o desempenho do Aergrind.

Realmente impressionante o desempenho do Aergrind, ne? Se o MINI MINI chega nesse nível (que eu acho que vai) como produto nacional, a galera vai fazer fila na frente da sua porta Rsrs 

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1 hora atrás, Burny disse:

Outra conclusão: Preciso de um EK43s. É bem óbvio. Bom, a esposa não concorda ...

Se arranjar um pra testar, envio as mós SSP pra vc rodar os testes com ela também. No mundo todo, só conheço os experimentos da Socratic com ela. O próprio Hansung, se vc pede dados, manda os gráficos deles.

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Excelentes resultados, alguns surpreendentes. Nem consigo imaginar o trabalho que deu. Meus parabéns.

Caso você pretenda fazer uma segunda rodada comparativa, seria muito legal se pudesse incluir o EK43, o Tramontina Breville e um Hario. Seria o comparativo mais completo da história rsrsrsrs.

Interessante também seria ver se o comportamento dos moedores muda com o grau de torra (clara, média , escura) e faixa granulométrica: para coados e espresso.

Você mora onde? Poderíamos escalar uns amigos para ajudar.

Abraço

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58 minutos atrás, Rodrigoks disse:

Se arranjar um pra testar, envio as mós SSP pra vc rodar os testes com ela também. No mundo todo, só conheço os experimentos da Socratic com ela. O próprio Hansung, se vc pede dados, manda os gráficos deles.

A minha ideia é mais de fazer um esforço coletivo. Algo do tipo que um torrefador disponibiliza uma torra padronizada para coado para os participantes. Seguindo um protocolo v60 padronizado cada participante regula o moinho dele e me manda 3 amostras de 10g de pó. Claro que vai custar frete, e isso seria tb parte do esforço coletivo rsrs

54 minutos atrás, helderbarreto disse:

Excelentes resultados, alguns surpreendentes. Nem consigo imaginar o trabalho que deu. Meus parabéns.

Caso você pretenda fazer uma segunda rodada comparativa, seria muito legal se pudesse incluir o EK43, o Tramontina Breville e um Hario. Seria o comparativo mais completo da história rsrsrsrs.

Interessante também seria ver se o comportamento dos moedores muda com o grau de torra (clara, média , escura) e faixa granulométrica: para coados e espresso.

Você mora onde? Poderíamos escalar uns amigos para ajudar.

Abraço

Helder, não pensei em repetir esse teste para espresso, mas se alguém quer me mandar uma amostra do seu moinho para saber como fica a moagem dele para espresso, vou medir as amostras na boa. Depois de estabelecer um protocolo e calibrar o aparelho para espresso é mole. 20 min de trabalho.

Testar torras diferentes realmente é uma ideia boa! Vou fazer isso depois. Moro em Tiradentes, MG.

Abçs, Burny  

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Sobre a esfericidade não variar muito, chutaria que a maior parte que define isso é quebra dos grãos (força entra eles ou mesmo prensando no metal) ao invés da finalização da moagem ao passar pela saída das mós, por isso o moinho não tem papel determinante. Aposto que entre torras diferentes vai dar uma diferença significativa.

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Burny, parabéns pelo estudo e muito obrigado por compartilhar os resultado conosco. Quando for fazer o próximo estudo, posso enviar uma amostra do Sette 270. O problema é o tempo que a amostra levaria até de RO para MG... rsrs

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Acho que não seria um problema, só queremos medir as partículas, não beber a amostra, ne? Rsrs

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1 hora atrás, Burny disse:

A minha ideia é mais de fazer um esforço coletivo. Algo do tipo que um torrefador disponibiliza uma torra padronizada para coado para os participantes. Seguindo um protocolo v60 padronizado cada participante regula o moinho dele e me manda 3 amostras de 10g de pó. Claro que vai custar frete, e isso seria tb parte do esforço coletivo rsrs

A idéia é boa, mas fazer um protocolo padronizado de V60 não é nada trivial. Também há complicadores como as variáveis ambientais, umidade, idade da torra... Mas se conseguirmos bolar algo facilmente reproduzível, eu me comprometeria em enviar amostras.

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Pessoal, só para ajudar.

O frete fica baratinho, pois pode se colocar as amostras prensadas em um saquinho e enviar como carta simples ou resgistrada.

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@Rodrigoks Concordo que não é trivial. Aqui uma 1a versão da ideia. Por favor corrigir:

1) Combinarmos com um torrefador que manda 250g da mesma torra para cada participante (Pacote fechado com válvula).

2) Quando todos receberam o café, vamos fazer a calibração dos moinhos no mesmo dia. Tem que ser um protocolos simples. P.ex. 10g de pó no v60-02, adicionando 150mL de agua fervendo de uma vez, misturar diretamente com colher por 5s, e deixar tudo descer em 2min.

3) Depois de acertar o ajuste, o participante vai moer 3 doses de 10g cada e me mandar. Pode ser PAC ou Jadlog, a granulometria não muda. Moagem SEM RDT (adicionamento de água), para não ter pó molhado mofando nos saquinhos.

Faz sentido assim?

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