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  1. Agora que a correria da Compra Coletiva chegou ao fim, finalmente eu e o Igor podemos tirar um tempinho pra contar um pouco do backstage da CC. O que mais queríamos trazer é a gratificante experiência de conhecer pessoalmente os produtores e as origens dos cafés da Compra Coletiva. Bem que gostaríamos de ter tempo e grana pra viajar por aí pra visitar as fazendas de todos os produtores com quem negociamos... mas por enquanto ainda temos que limitar essa experiência às nossas possibilidades. Nesta CC então, o café que fomos pegar pessoalmente é o do Seu Juarez. O Seu Juarez é um produtor médio da região das Matas de Minas. Sua fazenda fica no município de São João do Manhuaçu, e produz em torno de 3500 sacas por safra. Praticamente toda sua produção é vendida atualmente como commodity e ele está começando a dar seus primeiros passos na produção de café especial, iniciando em pequena escala. Vou contar um pouco da experiência da viagem, e depois o Igor pode complementar falando um pouco do trabalho dele como coffee hunter pra achar esse café, como ele conheceu as pessoas envolvidas, etc. Viajamos na sexta dia 14/04 pela manhã e fomos com a Adriene, grande amiga e sócia proprietária da cafeteria Oop Coffee. Quem nos recebeu na região de Manhuaçu foi o Pedro Perígolo, amigo da Adriene e do Igor e produtor da região. Ele que iria nos apresentar ao Seu Juarez. No restinho da sexta ficamos na fazenda da família do Pedro mesmo. Ele nos mostrou o passo a passo do processamento do seu café, passando por cada uma das etapas: Todo aquele espaço estará bastante diferente já no início de maio, quando ele irá começar sua colheita. Muito mais movimento, terreiros cheios de café, maquinário modificado após algumas manutenções e adaptações... e também um pequeno terreiro suspenso pra ele também começar a experimentar com cafés especiais (isso foi ideia e incentivo nosso). Mais tarde fomos agraciados com uma deliciosa bacalhoada e muitos doces gostosos de sobremesa, tudo preparado pelos familiares do Pedro. Rolou até uma rodada de buraco no fim da noite... Na manhã de sábado saímos para visitar o Seu Juarez em sua fazenda, uns 50km dali. Tivemos uma ótima recepção e ele, muito simpático, nos contou um pouco sobre suas vivências como produtor. Além disso, nos mostrou as instalações da fazenda e nos apontou as áreas de sua propriedade que podiam ser vistas dali. Ele nos disse que nosso café ainda estava no pergaminho, separado numa grande embalagem (eles chamam de Bag), pois ele queria nos esperar para vermos o processamento dos grãos. Antes disso, ele nos convidou para um passeio guiado pela fazenda, até o talhão especial de onde nosso café havia saído. Entramos todos na sua caminhonete e começamos a subir pelas estradinhas de terra: Quando já não dava pra caminhonete subir mais, o Seu Juarez parou o carro e nós descemos pra apreciar a vista. O talhão tem duas características importantes: ele é sombreado, plantado entre árvores nativas de mata atlântica e cedros Australianos; e fica acima dos 1200m de altitude. Apesar da menor produtividade por pé de café por conta da região sombreado, isso resulta na maturação mais lenta dos frutos, garantindo uma grande concentração de nutrientes, óleos, açúcares, etc. Dali de cima tínhamos uma vista espetacular da região até as montanhas do Caparaó. Ao longe era possível ver a base do Pico da Bandeira, escondido entre as nuvens. Falando em Mata Atlântica, o Seu Juarez nos contou que 80% da propriedade dele é composta de mata nativa, e como ele considera de extrema importância a preservação da natureza local, inclusive em locais no entorno de nascentes. Ficamos um bom tempo ali conversando. Aprendemos sobre a forma diferenciada com que aquele talhão era tratado. Ao atingir um ponto de maturação satisfatório, o café foi colhido com derriçadeira sobre lonas, para depois passar por um processo manual de seleção dos frutos cereja, descascamento e secagem em terreiro de concreto. Na foto abaixo dá pra ver bem os pés e locais de sombra. O Seu Juarez nos expôs como o amor ao cultivo do café motivou a criação daquele talhão especial, e como ele sonhava em ver o café dele sendo bebido em diversas cafeterias Brasil afora. A preocupação dele era mais nas relações que ele poderia criar com as pessoas ao longo da cadeia do café e a experiência que ele poderia oferecer ao cliente final do que o valor monetário que o café especial traz. Exatamente por isso ele havia sido tão enfático no convite para que fôssemos pessoalmente buscar o café... por essa oportunidade de estreitar a relação produtor – cafeteria – cliente final. Como ele está começando a experimentar com cafés especiais agora, vimos que ele ainda possui potenciais de evolução no cultivo e processamento, podendo conseguir cafés ainda melhores no futuro. Conversamos sobre alguns aspectos de mercado, demanda, e como ele pode aproveitar produtores da região que já mexem com cafés especiais há mais tempo como referências e fontes de conhecimento para ele evoluir no ramo. Depois da conversa, voltamos pra caminhonete para retornar. Desta vez na caçamba pra irmos apreciando a vista! \m/ \m/ Mais algumas fotos da fazenda no caminho de volta: Nessa última foto dá pra ver alguns pés, de altitude mais baixa e exposição direta ao sol, com ramos super carregados de frutos. Nas próximas duas fotos é possível ter uma ideia do terreno: filas de cafés subindo uma ribanceira até a encosta rochosa da montanha ao fundo, próxima do talhão sombreado:
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