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Agora que passou a correria da Compra Coletiva, dá pra contar um pouco da última aventura que arrumamos por conta do café. Todos os cafés dessa CC são das Matas de Minas ou de locais próximos. A Roast também anda fazendo negócios na região. Então foi pra lá que saímos na sexta dia 01/12 bem cedo pra fazermos o seguinte trajeto em 3 dias (ou pelo menos era a ideia): A: BH / B: Araponga / C: Santa Margarida / D: Coletivo Café (Venda Nova do Imigrante) / E: Guaçuí / F: Pedra Menina / G: Alto Caparaó Saímos de BH debaixo de chuva, que seria nossa companheira de viagem por boa parte do tempo. A primeira parada, depois de umas 7h na estrada, foi Araponga, estrela da vez nos concursos nacionais. Fomos recebidos pelo Paulo Henrique, seu pai e outros parentes, no escritório/laboratório de torra/tulha que a família tem na cidade. O gente boa estava acabando de preparar umas mesas de prova pra gente com cafés deles e outros produtores da região: Igor e Paulo Henrique no laboratório de torras Encontramos lá ninguém mais ninguém menos que Leo Moço, também aguardando pra provar os cafés. Fizemos duas rodadas de prova, e ficamos bem satisfeitos pelo lote 3 que havia sido escolhido pra CC, já que ele realmente estava dentre os melhores (o que veio a se comprovar quando ele ganhou o 3o lugar CD das Matas de Minas pela Emater). Tivemos a oportunidade de provar novamente o campeão do Coffee of the Year, que estava no nome da mãe do Paulo, a Sandra. Que cafezão!! Botamos as duas sacas do lote 3 no porta-mala, nos despedimos, e partimos rumo a Santa Margarida, sem saber os desafios que nos aguardavam na estrada. O caminho que fizemos passa por cima da Serra do Brigadeiro, e os cenários que apreciamos chegando na serra é dos mais bonitos que já vimos nessas nossas aventuras cefeinadas! Bate de frente com os vales do Caparaó! A foto aí não faz jus ao que a gente viu, quase não deu pra sair do carro por conta da chuva… mas é o que tem: Cenário próximo à Serra do Brigadeiro Depois de apreciar as paisagens tivemos que encarar já no escuro uns trechos beeem complicados de estrada de terra. Pra minha sorte o Igor tem experiência em trilhas um tanto mais difíceis, hehe. O registro na manhã seguinte mostra o estado que ficou o carro, causando essa cara de desgosto do gato Resultado do rally para Santa Margarida Chegamos bem tarde em Santa Margarida, e por mais inconvenientes que nos sentíssemos, fomos super bem recebidos pelo casal de produtores Rosângela e Eliéser! Nos hospedaram no improviso mas com um conforto pra ninguém botar defeito! Eu e o Igor com a Rosângela e Eliéser em sua propriedade em Santa Margarida Na manhã seguinte conhecemos rapidamente a propriedade, e foi muito legal ver o esforço que eles têm feito nas últimas safras pra produzirem cafés de qualidade. Terreiro suspenso na propriedade da Rosângela e Eliéser: uma das ferramentas usadas na busca por qualidade Como era uma quantidade maior de sacas que o casal iria nos fornecer, não teria como levar no nosso carro. Então combinamos a forma de entrega das sacas e partimos para Venda Nova do Imigrante, para participarmos de mais uma edição do Coletivo de Portas Abertas, no Coletivo Café, espaço super legal do pessoal do Have a Coffee. Este ano o evento foi bem mais completo, contando com vários cursos e palestras, rodadas de negociações, barracas com comidas variadas, etc. Encontramos com vários conhecidos, experimentamos cervejas artesanais da região, assistimos uma palestra da Raposeiras sobre torra de prova… Palestra da Isabela Raposeiras no Coletivo Café sobre torras de prova … e participamos das mesas de cupping para negociação: Uma das rodadas de prova e negociação no evento do Coletivo Café Os microlotes dos cafés provados (entre 15kg e 2 sacas) estavam sendo arrematados por valores pré-definidos pelos produtores, com um pequeno acréscimo a ser revertido para os custos do evento. Arrematamos uma saca de um pequeno produtor de Pedra Menina para a Roast. Já de noite, saímos numa chuva leve rumo a Guaçuí, pra encontrar com nosso amigo @dessidepaula. Mais uma vez lidando com estradas não muito favoráveis, chegamos bem tarde. Mas de qualquer forma, fomos recebidos de braços abertos pelo Leandro. Acordamos com uma mesa de café da manhã cinco estrelas nos esperando. Em seguida, fomos dar uma volta pelo cafezal pra ver como estava. Propriedade do Leandro Ficamos surpresos ao ver pés de Obatã Vermelho com os frutos ainda acabando de amadurecer em dezembro! E também foi curioso ver no mesmo pé cereja, flor, e frutinhos verdes. Na nossa última conversa com o Leandro, que ocorreu agora logo depois do Natal, ele comentou que esse Obatã V. já foi colhido e está seco. Ficou de nos mandar uma amostras desse café e com toda certeza tem potencial para aparecer por aqui novamente em futuro não tão distante. Cerejas do obatã vermelho, em alguns ramos se misturando com a florada da safra seguinte Voltamos da caminhada e fomo nos divertir no Probatino novinho em folha do Leandro. Fizemos vários batches, a maioria de cafés dele mesmo, e alguns de amostras que tínhamos ganhado na viagem. Torrando alguns batches no Probatino Logo em seguida já fizemos um cupping de alguns batches, e mesmo recém-torrados deu pra ver o potencial dos cafés do Leandro, e como o esforço em produzir melhores cafés está dando resultado, mesmo com tão pouco tempo. Após o almoço, o Leandro nos honrou com um convite: nessa nova fase que ele, a família e a fazenda estão vivendo no ramo de cafés especiais, ele está plantando árvores no pomar da casa como símbolos dos novos vínculos que ele está formando com pessoas do ramo. Então fomos convidados para plantar duas mudas que vão representar esse nosso laço de amizade, o trabalho que estamos realizando conjuntamente, e os projetos futuros que vamos construir. Igor e Leandro plantando uma muda como símbolo do vínculo que o café especial criou entre nós Três gerações de produtores: duas de fato, e uma estamos na torcida pra assumir o legado do pai Nos despedimos, pra seguir até Pedra Menina. Foi este o trecho mais complicado da viagem, pois saindo de Guaçuí tivemos que passar em algumas estradas bem complicadas por conta do grande volume de chuva durante a noite anterior. Em uma subida mais difícil eu tive que descer do carro pra empurrar, com lama até a canela, kkkk. Em alguns trechos, mesmo asfaltados, a estrada estava bem obstruída: Um dos muitos deslizamentos na estrada Finalmente chegamos em Pedra Menina e fomos direto pra Cafeteria Onofre, da família Abreu de Lacerda. Encontramos com o Afonso, já nos aguardando, além de muitas outras pessoas entre parentes e visitantes, já que a cafeteria sempre anda muito movimentada. Entre os visitantes com quem conversamos estava a Georgia do Lucca Cafés de Curitiba, o professor João Batista Pavesi (orientador da Caparaó Jr., empresa júnior do curso de Tecnologia em Cafeicultura, do IFES, que está fazendo um trabalho super legal com os produtores na região), e um grupo de jovens amigos moradores da região pra quem demos umas dicas sobre cafés especiais e torrefação doméstica. Mais uma grata visita ao Afonso e à família Abreu de Lacerda Depois de bater muito papo, sempre acompanhado de um cafezinho, e quando vimos que não ia demorar pra escurecer, carregamos o carro com as 3 sacas do lote do Afonso da CC e partimos para Alto Caparaó. Desta vez o Igor tinha um novo copiloto: Novo copiloto do Igor. Não gostou muito não… diz que ele era um saco! Isso já era no final da tarde de domingo. Não tínhamos mais cafés para pegar, mas queríamos muito passar em Alto Caparaó, e queríamos evitar fazer a viagem toda de volta pra BH de noite com chuva. Resolvemos então que iríamos dormir numa pousada em Alto Caparaó e voltar pra BH no final da manhã de segunda. Ao chegar em Alto Caparaó, deixamos nossas coisas na pousada e fomos encontrar com a produtora Carlizany. Fomos super bem recebidos por ela e sua família, apesar de já ser tarde. Fomos servidos com um cafezinho excelente, e a conversa estava boa e se estendeu até quase meia noite. Ouvimos os relatos sobre os esforços recentes da família para produzir cafés de qualidade, as participações nos concursos, e as dificuldades que eles enfrentam. O Tino apareceu por lá também, ele é da família do marido da Carlizany, e nos oferecemos para preparar o café dele que tínhamos levado. Foi unanimidade, todos reconheceram o potencial do café. Eles nos contaram como nos últimos anos o Tino tem alternado como campeão do concurso do Alto Caparaó com outro produtor da região, o Zé do Alexandre. Quando perguntamos pro Tino sobre possível fermentação do lote que compramos, ele confirmou o fato e nos explicou sobre o processo: os cerejas da colheita seletiva ficavam armazenados em sacos fechados no cafezal ao longo da semana à medida em que eram colhidos, e somente no sábado eles desciam o morro com os sacos para despejar tudo no terreiro. É um procedimento arriscado, mas que no caso dele acabou dando um ótimo resultado, provavelmente por conta da alta altitude dos talhões e do clima ameno da região. Nos despedimos e ficou combinado que encontraríamos com o Marcos, marido da Carlizany, na manhã seguinte bem cedo. Como combinado, o Marcos nos pegou na pousada segunda cedo e fomos fazer uma visita na propriedade do Zé do Alexandre, já que a Roast garantiu algumas sacas de seu lote campeão do município e gostaríamos de conhecê-lo. Ele nos recebeu de braços abertos, mesmo que não tivéssemos marcado a visita, e o papo foi bem interessante. Visita à propriedade do simpático Zé do Alexandre Fomos depois nos encontrar novamente com o Tino pra pegar umas amostras de outros lotes interessantes que ele colheu nesta safra. Aproveitamos para registrar o momento nessa foto que merece até ser emoldurada Expressão da felicidade que lidar diretamente com o produtor nos traz Voltamos pra pousada para tomar um café da manhã rápido, juntar nossas coisa, e partir pra BH. Depois de tantos momentos gratificantes, novos vínculos com produtores, e aprendizado, tivemos que encarar 11h na estrada por conta de desvios e retornos que tivemos que fazer pra evitar alagamentos e acidentes. Sim, aquela volta gigante no mapa passando por Ipatinga é o que realmente fizemos, pra fugir de Rio Casca que estava inundada. Chegamos em BH umas 22h bem cansados, mas com a imensa satisfação pela missão cumprida.
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