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  1. Diga, galera. Estou achando o fórum meio paradão, então resolvi escrever essa análise desse moedor que estou usando no momento. Primeiro um pouco de história: Venho de um Breville Smart Grinder que usava somente para coados (V60, Kalita, Aeropress e prensa). É um moedor competente, porém é um moedor de entrada e assim sendo, entrega uma moagem de moedor de entrada. A medida que fui refinando o paladar e arriscando cafés melhores, percebi que não conseguia extrair todas as características de alguns cafés e penava pra ter extrações equilibradas com outros. Mesmo melhorando minha técnica de extração, a insatisfação era cada vez mais frequente. Era hora de um novo moedor. A ideia era um upgrade bacana sem quebrar minha conta bancária. Pesquisei muito aqui, fóruns gringos e Reddit. Cheguei à conclusão que qualquer upgrade significativo, entre moedores elétricos, seria muito mais caro do que eu podia justificar gastar no momento. Então comecei a pesquisar os moedores manuais premium, que por não terem partes elétricas focam mais nas mós. Fiquei bem interessado pelo Comandante C40, que tem a melhor reputação para coados e já tava quase me decidindo em me virar pra conseguir um. Porém eu estava bastante obcecado e continuei vasculhando a internet para validar minha decisão e ter certeza que ficaria satisfeito. Nessas pesquisas descobri sobre moedores com “ghost burrs”. Já havia até visto o termo antes, mas não tinha dado devida atenção. Teoricamente esse tipo de mó oferece uma moagem mais uniforme no range dos coados. Existem alguns moedores bem conceituados lá fora com esse tipo de mó: o Fuji Royal R-220, japonês e bem avaliado por usuários em fóruns gringos. E o Apex Manual Grinder da Orphan Espresso muitíssimo bem avaliado também. São opções difíceis de conseguir aqui no Brasil e com preço alto. Então achei uma recomendação para um moedor similar ao Fuii Royal, feito na China, chamado Xeoleo 520N. O Xeoleo, na verdade, é uma marca que vende diversos modelos de moedores com uma carcaça similar, mas com motor, mós e funcionalidades diferente entre os modelos. O modelo com “mós fantasmas” mais popular e discutido nos fóruns gringos é o 520N. Usuários que tiveram a chance de utilizar o Xeoleo e o Fuji dizem que a qualidade da moagem é muito próxima, mesmo com a diferença grande de preço. Resumo, me interessei bastante e até conversei com alguns gringos diretamente que foram muito categóricos em recomendar o moedor. Resolvi apostar e comprei ele no Aliexpress. Custou US$150 + 25 de frete + taxa de importação. Análise: Especificações Potência: 200 W Tensão: 110 v/60 hz ou 220 v/50 hz Peso: 3.6 kg Diâmetro da mó: 80mm Na caixa Moedor Bean Hopper (Compartimento de grãos) Copo coletor com peneira Alguma peças extras (fusível, mola, parafusos) Manual (mal traduzido para o inglês) Aparência O moedor é pequeno e um tanto pesado. Possui um “form factor” clássico e seu acabamento é BEM modesto. A pior parte com certeza é o “hopper” que tem uma cor estranha e o protetor “anti popcorning” visivelmente torto. Moagem A moagem é muito rápida, graças às mós largas e motor potente. O ruído eu diria que é um pouco mais alto que o Breville e tem um tom mais agudo, que incomoda mais, mas no geral é ok. A regulagem da moagem é feita no dial na parte da frente e possui 19 níveis. Vai do bem grosso (cascalho mesmo) até média (açúcar granulado). Esse é um ponto de atenção, a moagem mais fina não é tão fina assim. A qualidade da moagem fica bem aparente nas moagens grossas. Nas finas os fines já são mais aparentes e é possível notar que ao final da moagem, com menos grãos nas mós, o motor pega ainda mais velocidade e pulveriza uma parte dos grãos, gerando fines no topo da grãos moídos no copo coletor. O coletor é um copo duplo com peneira, que permite peneirar os fines se você quiser. Eu já tinha um copo desses e utilizava com sucesso quando sentia necessidade. A força do motor empurra os grãos com uma força considerável, levantando algumas partículas no ar. Como o coletor não encaixa perfeitamente no bocal de saída, é comum espalhar um pouco de pó na bancada. Extrações Minhas primeiras extrações com o moedor não foram muito boas. Tive problemas com super e sub extração e até entupimento da extração (choking). Tinha a questão que as mós ainda precisavam amaciar um pouco também. Fui testando e fazendo experimentos. Depois de alguns pacotes de café comecei a perceber que o perfil da moagem era bem diferente em relação ao Breville e comecei a adaptar minha técnica de extração. Para v60 uso geralmente na moagem 1 ou 1.5 e gosto de peneirar um poucos os fines, pois gosto muito de clareza no sabor. Depois de me entender melhor com o moedor, testei extrações na v60 contra o Breville algumas vezes e eu e minha companheira gostamos mais das xícaras produzidas pelo Xeoleo. Geralmente os sabores saem mais pronunciados e mais claros. E apesar de não ter um refatrômetro, diria que são extrações com um alto EY. Desde então venho testando diferentes cafés e tenho tido ótimas extrações, porém costumo peneirar um pouco os fines (apesar de ter tido sucesso não peneirando também). Retenção Esse era um ponto de grande frustração com o Breville. Eu evitava trocar de cafés, pois precisava abrir o moedor e usar um aspirador para conseguir limpar completamente a câmara da mó. E ao botar o café novo sabia que o moedor ia ficar 3-4g para ele. O Xeoleo nos primeiros usos tem alguma retenção, que eu não medi com exatidão mas eu chutaria em torno de 1g. Essa retenção logo mais descobri que era devido aos vãos internos sendo preenchidos (pontos de parafuso etc). Após algumas moagens a retenção é desprezível. Quando fui trocar de café pela primeira vez, abri a câmara das mós para fazer aquela limpeza esperta e me surpreendeu que não tinha o que limpar. As mós estavam limpas e havia somente um pouco de pó no bocal da saída, que dava pra limpar com um pincel sem nem abrir o moedor. RPM Como disse, o motor é bem potente (200W) e conectado diretamente no eixo das mós, dessa forma elas operam com um RPM alto. Percebi que isso contribuía para a criação dos fines. Vi em um fórum alemão um cara que resolveu isso ligando o moedor num dimmer de potência. Fiz o teste e deu certo. Moí algumas amostras com o moedor na rotação máxima e reduzida, em seguida peneirei as moagens pelo mesmo tempo e pesei. As moagens feitas em rotação reduzida produziram consideravelmente menos fines. Outra vantagem é que menos partículas são lançadas no ar com a rotação mais baixa. Comparação das moagens (Xeoleo vs. Breville) Em comparação mais objetiva contra o Breville, fiz alguns testes peneirando os fines em moagens produzidas nos dois moedores. O Xeoleo ganhou com margem boa em todos o casos. Não peneirei boulders, mas visualmente é possível ver que o Breville tem muito mais, isso fica bem aparente no final da extração no topo do filtro (coffee bed). (Os números dessa comparação eu vou postar depois porque estou sem meu caderno no momento ) Breville (40): Moído 6,0g | Fines 1,1g (18%) Breville (32): Moído 5,0g | Fines 1,0g (20%) Breville (25): Moído 4,4g | Fines 1,2g (25%) Xeoleo (1): Moído 6,2g | Fines 0,7g (11%) Xeoleo (0.75): Moído 4,8g | Fines 0,4g (8%) Esse café tinha uma torra média e já não era tão fresco. Com torras mais claras e frescas esse percentual de fines sobe (nos dois moedores). Veredito O Xeoleo 520N me parece entregar uma moagem difícil de rivalizar entre os moedores elétricos nessa faixa de preço. O acabamento não é refinado (mas não chega ser horrível) e falta algumas pequenas conveniências (como coletor que encaixa perfeitamente no bocal e timer de funcionamento), porém acredito serem coisas que se abre mão para focar mais na moagem si. Planejo em breve testar ele contra algum moedor renomado, estou de olho no Comandante. Fotos e mais fotos (posso postar mais depois se quiserem) Xeoleo vs. Breville Xeoleo - Mó Xeoleo - Nível 1 (Primeira moagem) Xeoleo - Nível 1 - Peneirado Breville - Nível 40 - Peneirado Xeoleo - Nível 1 - Régua Xeoleo - Final de extração - 1 Xeoleo - Final de extração - 2 Xeoleo - Kalita - 1
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