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A verdade sobre o refractômetro.


J. Coffee

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A verdade sobre o refractômetro.

 

 

Hoje em dia, é cada vez mais normal ver pessoas conversando sobre café apenas em termos numéricos.

Cada vez mais aparelhos e "medições" estão surgindo, todo mundo está cada vez mais "Coffee High-tech".

Mas mesmo com vários números aparecendo, os "personagens principais" dessa revolução são dois, TDS% e Ext%.

É aí que "entra em ação" o tão famoso refractômetro. 

Todo mundo quer ter um, como se ele fosse o "Santo Graal" para o café perfeito.

Existem cada vez mais coffee shops que só usam ele como "controle de qualidade", só usam a porcentagem de extração.

É como se ele fosse capaz de mostrar "além dos horizontes" do que existe na xícara.

"Se os meus cafés estiverem em uma certa Ext%, está tudo certo".

Conheço inclusive um Coffee Shop, bem conhecido, que tem como objetivo extração de 19%.

Ele passou um bom tempo, quase um ano, medindo e registrando diariamente a extração, fazendo ajustes de "staff", ajustes de técnica, computador analisando os dados e gerando cálculos estatísticos, como se fala em inglês "the whole nine yards", tudo para conseguir o tão almejado 19%.

E no final desse período, depois de tanto trabalho, ele com um grande sorriso no rosto, anunciou o grande resultado.

Ele tinha conseguido! A média de extração ao longo desse período foi de 19,052%!

Fazer café está virando um jogo de números...

E isso é um problema.

Vc deve estar se perguntando, "por quê"?

Só esse número, 19%, não quer dizer absolutamente nada sozinho.

É fácil ter 10 extrações de 19% com o exato mesmo café, feito com o exato mesmo método de extração e todos bem diferentes.

Resultados entre o "delicioso" até o "intomável".

Mas como isso é possível?

Muito simples, café tem mais ou menos 30% de substâncias solúveis. Isso varia de café para café, torra para torra e até variação de grão para grão. Desses 30%, mais ou menos, 23% são substâncias "saborosas" e, mais ou menos, 7% são substâncias "impalatáveis".

Então é perfeitamente possível existir duas extrações de 19%, uma só com substâncias "saborosas", um café redondo e delicioso, e outra com 19% sendo apenas 15% de substâncias "saborosas" e 4% "impalatáveis", fazendo um café desequilibrado e desagradável.

E aí está a questão.

Para deixar claro, eu não sou contra o refractômetro e contra medição, muito pelo contrário, acho que eles ajudam a entender o que acontece na xícara. 

Mas usado do jeito certo.

É necessário entender que eles são apenas ferramentas "de apoio".

Nunca vai existir uma ferramenta que substitua a melhor ferramenta, suas papilas gustativas.

Nunca vai existir algo mais "High-Tech" que elas.

Você pode me chamar de "antiquado", mas defino a qualidade da minha extração na boca.

Espero que da próxima vez que você medir seu café, ou alguém te falar "Extraí 19%", seu próximo pensamento seja:

"Ah tá..."

"Mas 19% do quê?"

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Excelente! :):ph34r:

 

É o que eu venho dizendo há algum tempo: números são números, eu bebo café e não números, simples assim!

 

Porque não custa nada, quando você incorpora como rotina, eu venho medindo todas as preparações que faço para mim mesmo (e até para visitas), é tão automático e simples que, quando me dou conta, já medi e anotei o que aconteceu.

 

Tenho um condutivímetro razoável que com certeza não tem acuracidade internacional (meus 19% podem ser 18% ou 20% num refratômetro profissional do tipo Atago ou VST), mas isso não tem a menor importância pois a finalidade de uso é ter um parâmetro para mim mesmo, uma autorreferência de controle de ajuste de minhas receitas.

 

Hoje, com o controle do que chamo de quadrilátero da extração (granulometria, temperatura, tempo de infusão ou percolação, e agitação), e mais a água que uso, consigo fazer ajustes da ordem de 0,5% Ext, para mais ou para menos, e, assim, buscar qual o ponto de otimização para aquele café segundo o que chamo de quadrilátero do café (qualidades sensoriais natas, grau e desenvolvimento da torra, tempo decorrido da torra, e tempo e conservação após aberto o pacote), tentar achar o tal do Sweet Spot (para além do qual o café só tende a piorar, mas isto é uma outra e longa história).

 

Esta semana mesmo, já extraí um mesmo café com 3 receitas preparadas exatamente "iguais" (tanto quanto possível, claro), variando apenas a água e o fato de eu ter moído os grãos congelados ou em temperatura ambiente; o resultado, por acaso, em %Ext foi exatamente o mesmo, mas um deles estava nitidamente superior aos outros, pela razão que o Rodrigo disse acima: para aquela xícara eu trouxe mais dos solúveis bons do que nas outras, simples assim!

 

Já tomei um Gesha Colombiano a 17,2%, no que andam chamando de "fora da caixa" (abaixo ou acima da faixa de 18% a 22%) ou "low hump" (funciona bem para destacar certas características de cafés excepcionais, mas é assunto para outro tópico) e estava excepcional, muito, mas muito melhor na xícara que outros cafés (brasileiros ou até gringos) que tomei a 21% ou mais. Consegui, posteriormente, puxar a %Ext dele para 20,5% e, mais uma vez por acaso, ele ficou ainda melhor embora diferente na xícara; poderia ter "piorado", mas em geral cafés excelentes só "tendem" a melhorar com Ext mais altas, desde que você não ultrapasse o Sweet Spot dele. No mais, mas não menos, é uma questão de preferências pessoais, só, somente só.

 

É por aí que se coa, na boa, de boa. ;)

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Não acho que esteja superada, é só ver aqui no fórum mesmo, quanta gente dizendo que não serve pra nada (o que é muito diferente de dizer que não lhe serve pessoalmente), uns poucos que utilizam como se deve, ou seja, como um mero instrumento de ajuste de receitas, e uma vasta maioria de iniciantes nas medições enlouquecidos com fórmulas e perseguindo números, preocupados com os números que por si só não querem dizer nada, é disto que trata este tópico.

 

Mesmo lá fora, que estou acompanhando diariamente, tenho visto discussões em que as coisas não estão tão claras assim, tais como sobre a validade de serem usados tais aparelhos, que tipo de aparelho (refratômetro ou condutivímetro), qualildade (precisão do aparelho), para quais referências (pessoais, profissionais, comparativas, técnico-laboratoriais etc.) e muita gente perseguindo números altos, em tempos em que correm discussões mais profundas sobre o "fora da caixa", low hump, double hump e segundo Sweet Spot.

 

Acho que o objetivo aqui foi, e é, deixar claro, ou mais claro, como para o Leandro que andava atormentado com essa numerologia toda, é que números são números, não querem dizer nada em si mesmos. Eles são sempre relativos e referenciais, têm relevância em função de preferências pessoais e que, por isso mesmo, não devem ser perseguidos como um "fim", mas apenas como um "meio" para se chegar na xícara excelente, porque xícara suficientemente boa é até fácil de se conseguir, com alguma prática e domínio técnico, mesmo sem "conhecimento" nenhum, o Cabral já esclareceu isso uma vez.

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Rodrigoks, se fosse verdade eu não teria que explicar isso para a maioria dos meus clientes.

Nem seria um dos termos mais usados para falar sobre a qualidade de uma extração no WBC 2016.

Que, inclusive, foi o que me levou a escrever esse post. 

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Santiago, a única coisa que importa é que eu trabalho com café e essa é uma questão que eu estou sempre lidando.

 

Felipe, eu não disse que é prejudicial, falei que precisa ser bem usado. Citando meu próprio post:

 

"Para deixar claro, eu não sou contra o refractômetro e contra medição, muito pelo contrário, acho que eles ajudam a entender o que acontece na xícara. 
Mas usado do jeito certo.
É necessário entender que eles são apenas ferramentas "de apoio"."
 

Fernando, não estou criando "verdades" estou mostrando a realidade com o objetivo de ajudar pessoas a não passarem por certas situações desnecessárias.

Esse, como qualquer outro fórum, tem como objetivo ser um espaço aberto para exposição de idéias e questionamentos com o intuito de promover a elucidação sobre os mais diversos assuntos para que todos evoluam em suas práticas.

 

Tenho certeza que é por essa razão que a maioria das pessoas participam desse forúm. Se isso não te interessa, simplesmente não leia.

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Nunca é muito tempo...

 

Mas concordo, as papilas gustativas e o olfato são excepcionais e muito avançados. Mas formam um conjunto complexo com nossas memórias, experiências, emoções e humor. Ou seja, cada um, tanto profissionais quanto clientes, tem sua própria complexidade, e o mais importante de tudo para quem trabalha na área é a humildade de compreender os ferramentais e parâmetros objetivos e subjetivos que temos disponíveis para, no final das contas, proporcionar uma boa experiência para a maior parte dos clientes sem quebrar a banca.

 

E agradar a todos, felizmente, é meio que impossível.

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Sim, leio E comento

Entendo o fórum, antes de qualquer coisa, como um espaço de troca de informações entre foristas, sejam eles profissionais da área, coffeegeeks ou a galera que tá começando. Tópicos que surgem com afirmações querendo determinar o que é necessário ou não, o que é certo ou não antes de levar questões e discussões me incomodam. Entrei no fórum e aprendi quase tudo que sei de café nele (e nesses três anos, acho que aprendi bastante), e aprendi pela postura humilde que encontrei dos foristas, sejam eles profissionais ou não (e a grande não é profissional e manja MUITO mais do que grande parte dos profissionais que conheço e gastam um tempo e energia surreais nisso, hehe).

 

Discutimos aqui o café como um "hobby" sério, e pros olhos de muitos, a complexidade que os usuários tem aqui pra preparar uma xícara diária pode soar muito exagerada, desnecessária e etc., mas.... o que eu tenho a ver com isso? Por que devo colocar minhas experiências como verdades absolutas, seja por estudos em laboratório ou em campo? Quem sou eu pra dizer o que é certo ou não, exagerado ou não, verdade ou não, no fazer do outro? Como eu chego numa comunidade que não nasceu ontem? Sou melhor dos que os foristas só por ser "profissional" e ganhar meu $$$ com café?

Reforçando e finalizando, sempre entendi o fórum como um local de troca de conhecimentos de maneira horizontal, onde todos estão no mesmo bolo, e não vertical, que uns abaixam a orelha enquanto outros exaltam seu fazer.

De resto, faço minhas as palavras do Carneiro

P.s: Desculpem o "off-topic", mas acredito que, algumas vezes, além de pontuar os conteúdos presentes no fórum, é necessário pontuar COMO eles são trazidos.

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Carneiro,

Primeiro, nunca, não é questão de tempo, mas de possibilidade. A complexidade da capacidade humana nunca vai ser superada.

Segundo, o olfato é uma "peça" importante sim, mas no ponto que eu estou fazendo não é o principal, por isso não foi citado.

Terceiro, eu apresentei fatos. Agora quanto a como lidar com esses fatos, cabe a cada um analisar suas próprias capacidades e definir a melhor forma de agir, baseado nas evidências, para atingir o melhor resultado.

Cada um de acordo com suas capacidades.

 

Fernando,

Primeiro, você não me conhece,e não sabe quais são meus objetivos para julgar minhas atitudes e de que "lugar" estou falando. 

Escrevo aqui como um interessado em café, não como um profissional.

Eu gosto de falar sobre café.

Eu estou apresentando fatos, fatos que percebi e descobri baseado na minha busca pessoal de evoluir no meu entendimento sobre o assunto. 

Só se evolui questionando as "premissas" criadas, na maioria das vezes baseadas em pura ignorância, e experimentando na prática.

E meu objetivo aqui é levantar questionamentos e fazer as pessoas pensarem e testarem por si mesmas.

Não estou aqui para ditar regras.

 

Se os fatos que eu apresento te incomodam, aí é você que tem que pensar no por quê.

 

Se existe alguém julgando e querendo determinar o que é certo ou errado esse "alguém" não sou eu.

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O problema é o "como". Se por exemplo só o título fosse algo do tipo "Divagando sobre o refratômetro " ou "Refletindo sobre o uso do refratômetro", tenho certeza que a discussão seguiria mais produtiva...

Pensemos nisso!! =)

 

PS. É inegável que parâmetros ajudam. A famosa extração em 25-28s não é absoluta e não significa a melhor extração sempre, mas, especialmente para iniciantes, é um excelente ponto de partida e facilita muito tirar cafés bons (não necessariamente o melhor que o café pode oferecer).

Cada parâmetro mais refinado que podemos medir, mais informações na curva de aprendizado.

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Onde são esses "fatos"? Eu só vejo hipóteses não testadas (sem dados apresentados) ou, em outras palavras, a sua opinião.

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É fácil ter 10 extrações de 19% com o exato mesmo café, feito com o exato mesmo método de extração e todos bem diferentes.

Resultados entre o "delicioso" até o "intomável".

Se é fácil me explique como faço esse teste aqui. =)

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Discordo em partes do autor do tópico.

Sempre encarei as técnicas e números como uma tentativa de baristas para atingirem certa repetibilidade (na medida do possível, tentando "controlar" variáveis). Assim, o cliente sabe mais ou menos o que esperar "daquele café" feito "naquele determinado lugar". Isso é comum em qualquer área que envolva preparação de alimentos e acredito que era isso que o tal dono da cafeteria famosa procurava nos 19%.

Todo mundo sabe que o importante é sabor e aroma mas essa história do "melhor café" não sustenta teoria nenhuma... melhor pra quem? Por que? Isso é tão subjetivo... nem vale a discussão.

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eu até concordo que muito do que se diz sobre café tem mais um sabor místico do que científico, mas esses vários números podem ajudar a obter sempre um café do seu agrado.

Esse exemplo de uma extração com um percentual x só de sólidos saborosos e uma outra com x só de amargos não é realista. Os sólidos de que estamos falando não são extraídos de forma aleatória e não podemos extrai-los em qualquer ordem desejada.

As extrações de que falamos não costumam variar tanto uma em relação a outra. Se eu faço sempre coado com a mesma técnica e noto que quando a extração é em torno de 19% o sabor é o melhor, vou tentar ver que parâmetros estou usando (tempo de extração, temperatura da água etc) e tentar repetí-los.

Não entendi qual seria a polêmica. 

Em torra a coisa é parecida, mas acho que faz mais sentido criticar olhar apenas para a perda de massa, já que facilmente podemos ter a mesma perda para uma avançada rápida e uma média lenta, por exemplo.

Enfim, fora isso acho que é bom contermos os ânimos. Quase ninguém 'conhece' ninguém aqui e justamente por isso é boa política tratarmos uns aos outros como tratamos estranhos com um interesse comum: diplomaticamente.

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Eu tenho medido minhas extrações vezes ou outra, e para o meu uso o mais importante não é saber se ficou dentro da faixa, mas sim se ficou fora da faixa.

Como foi dito , se dentro da faixa pode ou não estar bom, mas se fora da faixa é quase certo não estar bom. Tomei um café que achei sem graça, ele pode estar assim por que é sem graça, ou porque eu fiz uma extração fora da faixa, para mim este é o uso mais importante.

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eu acho que interessante é justamente escolher a que números prestar atenção.

São tantos os parâmetros que não dá pra realisticamente gravar tudo. Teríamos que gravar em vídeo extração com todo tipo de medida. 

A partir daí, fica um pouco a critério de cada um. Eu pessoalmente, quando faço um coado presto atenção à razão entre massa de café e água vertida, mas não sou tão preciso quanto à água (deixo ferver, desligo e já vou lavando o filtro). Não tenho refratômetro, mas se ganhasse um (olha a dica aí, Miyamoto) certamente usaria. Nem que fosse umas poucas vezes de curiosidade.

Pra torrar, eu até faço um log de praticamente cada torra, anotando temperatura a cada 30 s, mas as torras costumam sair melhor quando torro o mesmo café várias vezes em um intervalo de tempo curto. Aí dá tempo de ir provando e ajustando uma coisa ou outra.

Eu não torraria sem pelo menos poder ver a temperatura, por exemplo.

Enfim, eu até pensei por um tempo em comprar um aparelhinho desses tão comentados nos tópicos respectivos, mas no final achei que não valia tanto o preço pra mim. Eu já comprei até manômetro pra usar na máquina de expresso (alguém aqui em casa terminou quebrando). Por ora estou satisfeito com as ferramentas que eu tenho. Se fossr pra comprar uma coisa, meu sonho de consumo seria um torrador desses tipo aquele Aillio Bullet.

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Já percebi, desde o seu primeiro post, que o J. Coffee tem aqui e ali um certo modo de exemplificar digamos "exagerado", seja para fins didáticos, seja para dar uma nota de polarização que facilite a compreensão. Quem é da área de Direito, como eu, ou tem familiaridade com ela, sabe do que eu estou falando. Às vezes, quando não gostamos (ou não simpatizamos) com um certo discurso, ou posicionamento, tendemos a nos apegar em detalhes de somenos importância para desqualificar o posicionamento alheio.

 

Confesso que não notei nenhuma intenção do autor do tópico em impor "verdades" (muito pelo contrário) até que a Márcia chamou a atenção para o "titulo", algo a que nunca dei importância, principalmente aqui no Fórum. Talvez o título não tenha sido feliz. De qualquer forma, e sem adentrar na esfera filosófica do que seja, ou não seja, verdade, não vejo nenhuma inverdade no que parece ser a essência do primeiro post: a de que o uso do refratômetro é um "meio", um dos instrumentos à disposição na preparação de cafés, assim como também o é (sob um ótica objetiva e técnica) um espectômetro. Mas aqui ninguém está bebendo números, nem nos interessa, por si só, o que máquinas e aparelhos constatam existir num café.

 

Talvez um dos exageros expositivos, e até compreensível dentro do contexto deste fórum que não é essencialmente técnico e formal, foi ter dito que um mesmo café, com preparação supostamente igual, com os mesmos 19% de Ext, flutuem na boca do saboroso ao impalatável. Até domingo já terei chegando nos 11 meses de prática e 600 medições de preparações, e, particularmente, nunca senti tamanha diferença. Vai ver que é o meu paladar, que está longe de ser apurado ou requintado. Mas são incontáveis as vezes em que já experimentei diferenças entre o impalatável e o palatável, entre o ruim e o bom, entre o bom e o muito bom, entre o muito bom e o quase excelente etc. para um mesmo café, mesmo método de preparação, e mesmo resultado numérico.

 

Isto pode acontecer, são dezenas de resultados que experimentei, principalmente nos métodos por percolação, ou quando atingimos um certo pico ou plateau de estabilização de extração (no sentido de as variáveis já estarem no limite, ou quase, e entrar o fator água para aumentar ou diminuir a extração, ou modificar, às vezes radicalmente, o sabor na xícara), ou ainda quando estamos lidando com grãos de tamanhos diferentes (ou secagem pré-torra desuniforme) que resultam em grau e desenvolvimento de torra diferentes no conjunto dos grãos (sempre que você meter um colher para tirar do pacote 12g de café, é aleatório quais grãos virão, e "possivelmente" ligeiramente diferente o resultado final).

 

Não estou querendo defender ninguém, nem fazer o papel de advogado do diabo, mas o J. Coffee disse que "é perfeitamente possível" (que não é o mesmo que "é absolutamente certo"), portanto "certamente não é impossível" que em uma preparação de 19% existam só (talvez um exagero) substâncias saborosas (é uma probabilidade, ainda que remota, ou não) e em outra de 19% um tanto de substâncias impalatáveis. A água, se perto de um plateau de extração, é capaz de levar àquela saborosa possibilidade (probabilidade, não certeza).

 

Pelo menos aqui em casa, com um mesmo café, com um mesmo e rigoroso procedimento, e com um mesmo conjunto de grãos (principalmente quanto menos uniforme ele é), é impressionante como o resultado na xícara (ainda que varie pouco o resultado numérico) pode variar consideravelmente de um dia para o outro, ou da hora do almoço (quanto a temperatura ambiente é maior) para a madrugada (aqui a temperatura sempre cai, e muito, à noite), e isto estou acreditando que se deva também, mas não só, àquele outro microfator "cada grão é um grão", o que não se pode dizer que seja, possivelmente, uma inverdade.

 

Para também não exagerar, e olhem que sou do tipo Cazuza (eu sou mesmo exagerado), eu não diria que é impossivel que uma cafeteria ao longo de um ano inteiro, mesmo obtendo a excelência de manter praticamente exatos 19%, tenha posto nas xícaras o mesmo sabor: eu diria que isso é pouco provável que tenha acontecido, o tempo todo num tempo tão longo assim. E isto me parece razoavelmente óbvio porque não me parece possível pôr ao longo de um ano inteiro na máquina o mesmo café: vai variar o talhão onde estava plantado, o cuidado na colheita, o tratamento pré e pós-torra, a própria torra em dias diferentes, posterior conservação cru ou torrado etc.

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Veja só, acho que ninguém aqui discorda do ponto principal, que é a crítica a seguir cegamente os números ou o exagero da instrumentalização em detrimento ao nosso paladar.

 

Acho que o maior ponto é polarizar, fazer afirmações fortes e radicais ou excludentes, até pra questionar um radicalismo dos profissionais e amadores. Não tá certo nem errado, mas estejamos preparados para a avalanche - o que é ótimo! Pior seria de todos falassem amém pra tudo aqui.

 

Insisto no nunca ou impossível. Um equipamento que qualifique e quantifique os compostos de uma extração é bem viável, e claro que ainda nos restará a interpretação e associação daqueles resultados. Testes desses provariam ou não a tese do Rodrigo que é possível ter do ruim ao excelente em poucas extrações de tds idênticos. Aliás, possível, deve ser, provável, muito pouco, pelas razões que o Cal escreveu. Se café fosse tão aleatório, os instrumentos não serviriam de nada, mas concordamos que ajuda e orienta.

 

Enfim, também me incomoda algumas modas que a cena do café especial cria e persegue ansiosamente. Mas sempre há trabalhos mais exaustivos e comparativos, minimamente científicos, que trazem luz. Mas, infelizmente, o uso indevido, distorcido e muitas vezes meramente pra marketing de algumas soluções ou ferramentas excelentes, é inevitável. Também é ruim termos uma idéia formada e perseguirmos a comprovação dela sem método - só gera achismo e confusão.

 

No final das contas é questionar, testar, mostrar e revisar. Ao longo do tempo esse nosso mundo do café será melhor ainda!

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Discutir validade de instrumentos de medição é tão medieval. Vamos desistir dos termômetros então; das balanças; dos cronômetros.
Nenhum desses instrumentos te garante um café bom mas eles com certeza ajudam a extrair o melhor de cada café.
Me desculpe quem acredita nisso mas café não é uma arte onde a pessoa nasce com um dom de fazer café bom só de olhar para ele.

Se tomamos cafés com a qualidade que temos hoje é por causa de muita pesquisa desde o plantio até a extração, pesquisas feitas sim com muitos equipamentos de ponta e instrumentos de medição, sem eles tudo seria achismo.

Os melhores baristas do mundo usam todos os instrumentos disponíveis para eles e por isso conseguem os resultados que almejam. Não fosse o refratômetro, o ek43 ainda seria um moedor desconhecido, foi o refratômetro que gerou toda essa onda de desenvolvimento de novos moedores, tecnologia que não evoluída há décadas.

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Acho que o grande achado é saber interpretar os resultados, por ex.:

 

Fiz um coado agora cedo , deu 21,77 % ext.

 

Poderia estar ruim pois extrai no limite, não estava.

Se não estava ele ainda poderia :

Não estar ruim mas não estar bom.

Não estar ruim mas estar bom.

Não estar ruim e estar ótimo.

 

No caso estava ótimo, mas vamos colocar que estivesse no "não estar ruim mas não estar bom" , ai teria que testar outras Brs e ver se melhora o resultado, ou até chegar a conclusão que ele é bom para outro método.

 

Logo , o aparelho sem uma cabeça para interpretar os resultados de nada serve.

Victor, você esqueceu do Bravo Mini, rsrsrsrs

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Marcia,

O título foi proposital.

Assim como a forma que eu escrevo.

Como o Lisboa muito bem notou, tem como objetivo mostrar e explicar minhas idéias. 

O uso de uma forma "hiperbólica" ajuda a chamar a atenção as situações e "separar", para que seja mais fácil o entendimento.

 

E as pessoas que se "pegam", e distorcem detalhes para criticar, na verdade, estão tentando fugir do fato que o que, na realidade, incomoda são as informações apresentadas.

 

Jefersson,

A questão é, justamente, que números como Ext% não garantem que os supostos clientes vão receber o café com o mesmo sabor.

O que faz dessa forma um jeito ineficaz para medir a constância do produto oferecido. 

 

Burny,

São fatos porque é a realidade do que acontece.

Não estou escrevendo aqui para sustentar uma tese.

Se você quer ver números e resultados na prática, faça testes você mesmo.

 

 

E só para constar, esse exemplo das 10 extrações é bem próximo da realidade de uma série de testes que fiz.

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Pessoal, na boa. Acho que estamos TODOS aqui buscando o aprimoramento de nosso prazer/hobby/trabalho/vício/obsessão.....  :ph34r:

 

O fórum, pela própria natureza de fórum, é local de expor idéias. Cada um as exprime de uma maneira que lhe é peculiar, sabendo que, a partir dessa explicitação, receberá apoio, críticas, ou mesmo indiferença. É da característica do fórum. Só não deve haver a perda de respeito e educação que mantêm a graça da coisa.

 

Antes que isso aconteça, chamo meus compadres foristas a desinflamar um pouco nossas colocações. Pelo menos na maneira de se posicionar. 

 

Que tal "passar a régua" e continuarmos nos nossos debates salutares?

 

Grande abraço a todos.

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O uso de uma forma "hiperbólica" ajuda a chamar a atenção as situações e "separar", para que seja mais fácil o entendimento.

 

E as pessoas que se "pegam", e distorcem detalhes para criticar, na verdade, estão tentando fugir do fato que o que, na realidade, incomoda são as informações apresentadas.

 

Burny,

São fatos porque é a realidade do que acontece.

Não estou escrevendo aqui para sustentar uma tese.

Se você quer ver números e resultados na prática, faça testes você mesmo.

 

 

E só para constar, esse exemplo das 10 extrações é bem próximo da realidade de uma série de testes que fiz.

 

 

 

 

Fácil entendimento pra quem Cacique? Já ajudaria bastante para facilitar o entendimento citar fontes, os procedimentos adotados para experimentos, usar a formatação padrão do fórum, uma linguagem mais técnica (sem os superlativos todos já ajuda bastante) e afins. Qual realidade é essa que fala? Matrix? Avatar? Wall-e? Se você fala a partir de estudos e testes em campo, apresente-os. Encher de floreios só dá um pseudo valor acadêmico que inexiste no conteúdo do seu tópico, basta ver as críticas levantadas aqui e a maneira como você reage a ela, e bom, eu como professor de formação, te digo que exagerar é o pior passo para tornar algo didático (aliás, exagero e didática não combinam nadinha). Pro direito deve até funcionar, mas se a idéia é construir/trocar conhecimentos, é de longe a pior maneira.

 

E bom, não te conheço, mas acompanhando a sua postura no fórum, já dá pra perceber muita coisa cacique, porque até agora, não vi um fato, evidência ou teste que você diz ter feito ser apresentado/realizado. Se é pra falar dessa local de testes minuciosos pra justificar ou não as coisas, aprenda com Lisboa. Rodrigoks e Gilberto (de quebra vai aprender um bucado de coisa útil) a maneira como conduzem os testes e os apresentam aqui no fórum. Falar por falar, vou botar minha mãe aqui no fórum (e ela, que torrava café na década de 50-60 junto com rapadura, vai falar que todo muito aqui torra o café pouco, deixando verde)

 

Quanto ao tema central do tópico, prefiro não comentar porque tem muita gente que manja muito bem (e já me representaram nas falas) aqui e não faço uso do refractômetro, por pura mão de vaquisse minha mesmo e gostar de usar meus aparelhos olfativos e gustativos no meu fazer diário (mas um dia tomo vergonha na cara e compro, hehehehe). Prefiro ficar acompaanhando as infos sobre refratômetro aqui e no Socraticoffee

 

De resto, bons "experimentos", "testes", estudos de "mitos" e afins jovem cacique.

 

 

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