Café: de bebida de negócios a acompanhamento para a pausa - O Globo 21/07/14

[Alexandre Velloso]

Matéria do O Globo

 

http://oglobo.globo.com/rio/rio-gastronomia-2014/cafe-de-bebida-de-negocios-acompanhamento-para-pausa-13319350

[José Cal Neto]

eu li a matéria, cuja fonte é o Emílio Rodrigues, da Casa do Barista em Santa Teresa.

Achei curioso se falar em café solúvel. É verdade que somente para dizer que é o mais cafeinado, mas me pareceu até ousado um barista sequer mencionar café solúvel em uma matéria sobre café. Fora isso achei ok. Conselhos razoáveis que vão do nescafé à nespresso. O que também achei meio nada a ver foi sugerir prensa francesa "por ser charmosa e estar na moda", mas enfim, to each his own.

[Ricardo Petruzza]

Se alguém se habilita em ler, escrevo regularmente para uma revista de uma LIvraria em minha cidade e regularmente sobre café.

Em um dos artigos dissertei sobre minha experiência contraditória com Café Solúvel, já que como bom purista não aceitava a presença sequer em meus pertences de um vidro de café solúvel.

 

http://petruzza.blogspot.com.br/2011/09/vai-um-cafezinho-soluvel-ai.html

 

Para quem já teve a oportunidade de experimentar os Cafés Solúveis liofilizados são 100% arábica e com torra e aroma surpreendente em se tratando de café solúvel.

Boa leitura para quem interessar.

Abraços.

Ricardo.

[Alexandre Velloso]

Salve Zé

A citação do café solúvel está relacionada à quantidade de cafeína.

Também, a matéria não é sobre barista e sim sobre café. Assim, não pareceu-me inapropriada a menção.

[José Cal Neto]

oi, Alexandre, eu falei da cafeína e também não achei inapropriada, só ousada mesmo. Em geral o pessoal foge de falar de café solúvel. Você imagina a Isabela Raposeiras falando dele? Pode até vender moedor liquidificador, mas café solúvel, vix conjuro.

Por falar Nela, só agora que fui ver (quando procurei a grafia correta do nome) o post dela no Facebook sobre ser elite branca. Achei muito bom. Chega de ser refém da massa ignóbil.

[carlos eduardo]

Se alguém se habilita em ler, escrevo regularmente para uma revista de uma LIvraria em minha cidade e regularmente sobre café.

Em um dos artigos dissertei sobre minha experiência contraditória com Café Solúvel, já que como bom purista não aceitava a presença sequer em meus pertences de um vidro de café solúvel.

 

http://petruzza.blogspot.com.br/2011/09/vai-um-cafezinho-soluvel-ai.html

 

Para quem já teve a oportunidade de experimentar os Cafés Solúveis liofilizados são 100% arábica e com torra e aroma surpreendente em se tratando de café solúvel.

Boa leitura para quem interessar.

Abraços.

Ricardo.

 

Vivendo e aprendendo eu achava que todo café solúvel fosse de robusta , fiquei curioso, na proxima ida ao supermercado vou comprar um desses 100% e provar , depois posto minha opinião , de antemão vou avisando que acho que vc exagerou .

[José Cal Neto]

me lembro de ter lido umas coisas sobre uns solúveis assim aqui no fórum. Só não lembro se era o mesmo.

De solúvel eu passo longe. Tem gente que diz que é melhor pra tomar com leite (aí faz sem água). Como em geral não ponho leite, não sei dizer.

Na Argentina, toda vez que eu ia pra casa de alguém e me ofereciam um café, era solúvel. Um horror. No supermercado, quase toda marca de pó continha açúcar. Pelo menos em Tucumán, no norte. 

[Miyamoto]

Ricardo.. Saberia informar algumas marcas mais comuns destes solúveis milagrosos aí?

[Alexandre Velloso]

Salve

Já abordamos rapidamente o assunto no tópico Café Expresso Brasil, mais precisamente nos seguintes links: #210 e #211

 

Eu experimentei e considerei aceitável o sabor do Starbucks VIA Pike Place Roast. A VIA é a linha de cafés solúveis da gigante americana e, não sei se todos, mas ao menos alguns como o blend citado, são 100% arabica.

A Starbucks, apesar de famosa, é insignificante em termos de distribuição de produtos de largo consumo. Importante mesmo é a Nestlé, maior torrefadora do mundo e que hoje produz quase que somente solúvel, sob a marca Nescafé, dado que os volumes de Nespresso são inexpressivos comparados aos de Nescafé.

 

Particularmente creio que solúvel será a apresentação mais popular futuramente, substituindo o torrado e moído, campeão de vendas atualmente. Ainda me sinto solitário quando converso sobre isso com pessoas ligadas aos negócios de café, especialmente exportadores e produtores.

Minha teoria é simples e baseia-se na evidência do crescente mercado de consumo chinês que cresce com índices impressionantes usando, quase exclusivamente, cafés solúveis. Repetindo o que ocorreu umas 4 décadas atrás com o complicado mercado consumidor da antiga União Soviética.

 

Assim deverá acontecer também nos mercados indiano, paquistanês e outros menores do extremo oriente.

Em todos esses países, além da China, o chá é a bebida quente preferida e só agora desenvolvem o hábito de beber café. Então, em algumas poucas décadas, quando a metade da população mundial juntar-se à outra metade para usar café, só mesmo o solúvel apresenta características que permitam atender essa enorme expansão do consumo de grãos da rubiaceae. Seja pela simplicidade do processo produtivo que permite a fabricação de enormes volumes em curto espaço de tempo, pelo baixo custo industrial comparado, pela facilidade de empacotamento que auxilia toda a logística desde a indústria torrefadora até o ponto de consumo doméstico, pela praticidade de preparação pelo consumidor entre outros tantos motivos.

 

Resumo da estória, faltará café verde.

 

Inicialmente de robusta que é a principal e quase exclusiva matéria prima para solúvel. Propiciará o aparecimento de novas lavouras, especialmente em regiões da Africa e mesmo do Brasil, plantadas em áreas mais secas e submetidas à irrigação. Notem que a produtividade do robusta é muito maior que a do arabica comparando tonelada/hectare e pode ser plantado em altitudes mais baixas e planas, barateando a mecanização da lavoura.

 

Passo seguinte será a utilização do arabica de baixa qualidade, hoje torrado e moído, que também provocará a expansão de sua produção, pois sem grandes cuidados com o manejo, é uma opção de baixo custo de produção.

 

O assunto ainda renderia outras tantas laudas, mas encerro aqui sabendo que muitos discordarão de minhas previsões, além dos outros que, em grande maioria, apenas ignoram tais evidências.

 

http://store.starbucks.com/coffee/starbucks-via-ready-brew,default,sc.html

 

[Miyamoto]

Véio.. Andei fazendo uma busca rápida no São Google e encontrei diversas marcas de solúveis 100% arábica. Claro que são pequenas torrefações e nada comparada à Nescafé e seus robusta...

 

Inclusive estes solúveis recebem até o título de cafés especiais...

 

Poderiam, realmente, estarem produzindo cafés solúveis com cafés especiais?!

 

Não os conheço mas parecem ser ao mínimo bebíveis

[Guest Anita]

Já mencionado no Clube, o Iguaçu é fácil de achar e arábica.

[Miyamoto]

Fácil de achar, Dolce Gusto também é.. Mas e o sabor?! 

[Anderson Sartori]

Ricardo.. Saberia informar algumas marcas mais comuns destes solúveis milagrosos aí?

O café liofilizado da Native é 100% arábica.

[Alexandre Velloso]

Salve Japa.

 

Na verdade, chamam os solúveis 100% arabica de especiais simplesmente porque são melhores que os de robusta. Mas não há nada a ver com os cafés que nós tratamos por especiais.

Esses são de diminuta produção em termos mundiais e serão cada vez mais jóias raras.

Mesmo os torrados e moídos classificados como especiais ou gourmet pela ABIC serão considerados "lixo" por quem busca cafés de alta qualidade.

Um exemplo real é sobre o café que recebeu recentemente o título de melhor café gourmet do Brasil da ABIC e que foi vendido por uma empresa comercial de café que conheço. Vi a amostra do verde que foi usado e tornou-se vencedor. Arabica com 300 defeitos. Na prova, 2 xícaras estouradas. Lixo para os nossos parâmetros.

 

Como disse acima, há alguns com sabor aceitável e até agradável. Mas são raros e caros, comparativamente à outros solúveis.

Ainda não conheço marcas brasileiras que os produzam.

[Alexandre Velloso]

.

[Ricardo Petruzza]

Como todo articulista gosto de apimentar, dar meu toque e tentar envolver o leitor na história, por isso um pouco do exagero, mas sem dúvida foi uma surpresa ao abrir o vidro. Não se compara aos aromas que experimentamos ao apertar um pacote de café gourmet ou especial, ou a à torra que muitos amigos do CDC fazem em suas casa, mas por ser um solúvel a surpresa é grande.

Quanto ao sabor, será muito mais fácil apreciá-lo com leite, percebe-se diferença somente com água, mas fica muito longe de nossa expectativa de café extraído, coado ou filtrado.

As melhores sensações vem ao saber lendo o rótulo que há ou houve uma grande preocupação em tentar fazer daquele um produto diferenciado. Uma pelo processo de conservação a liofilização e outro por garantirem que é 100% arábica.

Do resto a história é 100% verídica. Se algum de vocês viajarem pela GOL e o comandante for Paulo ou Vitor Petruzza poderão confirmar esta história.

Quanto às marcas só conheci duas, a Juan Valdez que foi meu presente e a Iguaçú Gourmet, que achei com muita frequência no Pão de Açúcar, mas não tenho encontrado mais. Tem mais algumas fotos de outros produtos em meu artigo no começo desse tópico.

Abraços.

[Jose Alexandre]

Salve

Já abordamos rapidamente o assunto no tópico Café Expresso Brasil, mais precisamente nos seguintes links: #210 e #211

 

Eu experimentei e considerei aceitável o sabor do Starbucks VIA Pike Place Roast. A VIA é a linha de cafés solúveis da gigante americana e, não sei se todos, mas ao menos alguns como o blend citado, são 100% arabica.

A Starbucks, apesar de famosa, é insignificante em termos de distribuição de produtos de largo consumo. Importante mesmo é a Nestlé, maior torrefadora do mundo e que hoje produz quase que somente solúvel, sob a marca Nescafé, dado que os volumes de Nespresso são inexpressivos comparados aos de Nescafé.

 

Particularmente creio que solúvel será a apresentação mais popular futuramente, substituindo o torrado e moído, campeão de vendas atualmente. Ainda me sinto solitário quando converso sobre isso com pessoas ligadas aos negócios de café, especialmente exportadores e produtores.

Minha teoria é simples e baseia-se na evidência do crescente mercado de consumo chinês que cresce com índices impressionantes usando, quase exclusivamente, cafés solúveis. Repetindo o que ocorreu umas 4 décadas atrás com o complicado mercado consumidor da antiga União Soviética.

 

Assim deverá acontecer também nos mercados indiano, paquistanês e outros menores do extremo oriente.

Em todos esses países, além da China, o chá é a bebida quente preferida e só agora desenvolvem o hábito de beber café. Então, em algumas poucas décadas, quando a metade da população mundial juntar-se à outra metade para usar café, só mesmo o solúvel apresenta características que permitam atender essa enorme expansão do consumo de grãos da rubiaceae. Seja pela simplicidade do processo produtivo que permite a fabricação de enormes volumes em curto espaço de tempo, pelo baixo custo industrial comparado, pela facilidade de empacotamento que auxilia toda a logística desde a indústria torrefadora até o ponto de consumo doméstico, pela praticidade de preparação pelo consumidor entre outros tantos motivos.

 

Resumo da estória, faltará café verde.

 

Inicialmente de robusta que é a principal e quase exclusiva matéria prima para solúvel. Propiciará o aparecimento de novas lavouras, especialmente em regiões da Africa e mesmo do Brasil, plantadas em áreas mais secas e submetidas à irrigação. Notem que a produtividade do robusta é muito maior que a do arabica comparando tonelada/hectare e pode ser plantado em altitudes mais baixas e planas, barateando a mecanização da lavoura.

 

Passo seguinte será a utilização do arabica de baixa qualidade, hoje torrado e moído, que também provocará a expansão de sua produção, pois sem grandes cuidados com o manejo, é uma opção de baixo custo de produção.

 

O assunto ainda renderia outras tantas laudas, mas encerro aqui sabendo que muitos discordarão de minhas previsões, além dos outros que, em grande maioria, apenas ignoram tais evidências.

 

http://store.starbucks.com/coffee/starbucks-via-ready-brew,default,sc.html

 

 

Olá Alexandre.

Se seguirmos sua linha de raciocínio,

havendo maior demanda por robusta e arábica de baixa qualidade,

os arábicas especiais podem perder espaço e ficarem mais caros,

isso se o consumo de cafés especiais não seguir o padrão de crescimento dos últimos anos.

Mas a questão é que então pode se tornar mais lucrativo produzir café com menos qualidade.

Sei lá... faz tempo que não too café e devo estar dizendo bobagem.

[Alexandre Velloso]

Salve Zé xará.

 

Veja que citei que serão os realmente especiais "cada vez mais jóias raras". Sim, o preço deles tenderá a aumentar. Por outro lado, se for ampliada em 10 vezes as áreas plantadas para esses grãos especiais, em nada mudará o contexto dos cafés tipo commodity, devido à pequenez da produção em termos de produção total de cafés. A única barreira real para o aumento de produção de cafés especiais é relacionada ao seu custo de produção e ao necessário preço de venda ao consumidor final. Áreas, condições climáticas e tecnologias para produzi-los são abundantes.

 

Quanto ao aumento de produção dos tipos commodities, arabica e robusta, para a transformação em solúvel, devido ao processo industrial, tornam-se economicamente viáveis quando esses grãos produzidos em grande escala.

 

Note que no cenário que vislumbro, a produção mundial de cafés (todos) necessitará dobrar em poucas décadas vindouras, caso o consumo sistemático se estabeleça em nações como China, Índia e Paquistão, para citar apenas as com maiores populações.

[Jose Alexandre]

Mais gente bebendo café é sempre bom.

Já pagar mais caro nos cafés top não é bom.

Como diria vocês sabem quem,

a vida como ela é!

[RogerioD]

Já comprei uma vez um importado da Nestlè linha Gold e não achei nada de especial,  também era por esse sistema liofilizadoo café solúvel com água não me agrada, porém posso até tomar sim na casa de alguém ou com muita vontade de café e com muita pressa, no leite eu já gosto. Concordo com o Alexandre que países como a China por ex. o café solúvel será uma mão na roda pelo fato de não produzirem e tbm a facilidade do transporte, o armazenamento maior, etc. Já os cafés especiais penso que será um nicho, futuramente podem produzir menos, mas sempre haverá.

[José Cal Neto]

O segundo maior produtor de café do mundo é o Vietnã, vizinho da China. Será que não seria viável que uma eventual demanda maior fosse atendida se ele aumentasse a área de cultivo? Sem falar que não deve ser o único país vizinho com clima propenso ao robusta (o nome já diz tudo). Me pergunto até se o motivo dessa produção tão grande do Vietnã não é justamente a China.

Quanto à sobrevivência dos cafés especiais, a China é tão grande, que talvez mesmo a minoria dos novos ricos seja suficiente para manter vivo o nicho. Volta e meia vejo coisa na tv sobre chineses e vinhos bons, como eles consomem cada vez mais e agora até compram terras na França pra fazer seu própio vinho.

[Jose Alexandre]

os chineses estão se tornando uns neuróticos.

Acho que no Lemond Brasil do mês passado saiu uma reportagem sobre um convênio entre EUA e UE chamado GMT.

(Grande Mercado Transatlântico) Visando justamente a concorrência com os chineses.

[Alexandre Velloso]

Salve Zé Cal.

 

Pois saiba que o maior consumidor do robusta vietnamita é os EUA. Ao menos por enquanto.

Outras nações asiáticas poderão plantar café também. Mas há uma peculiaridade climática que restringe a expansão. Diferentemente das áreas relativamente baixas utilizadas no Brasil, 300 a 700 metros de altitude, o robusta no Vietnam é plantado em regiões mais altas. As áreas baixas estão sujeitas às intempéries climáticas não condizentes com o cultivo do café. Exemplos são a anual temporada de tufôes e os cansequentes enormes alagamentos e as monções ao leste da Índia.

 

Os cafés de alta qualidade, por certo, não só existirão como terão maiores áreas de cultivo dedicadas. Para isso, basta a elevação do preço, que acredito ocorrerá.