Agora em Agosto estará fazendo dois anos que eu disse que não prepararia mais café subextraído (o que tenho feito, desde então) ou hipoextraído (como costumo chamar, um café que embora tecnicamente não esteja subextraído, ou seja, com menos de 18%, mas não foi levado ao seu limite de extração, o chamado sweet spot). E desde então, não sei o que é tomar café com amargor, salvo se: 1) for devido ao que eu denomino uma das 12 variáveis do grão, principalmente problemas de torra; ou 2) eu ainda não atingi o sweet spot daquele café.
Mesmo nas percolações, minhas preparações são longas (6 a 7 minutos, devido à moagem muito fina), agito regularmente, então acaba tendo um perfil de infusão também, daí no meu caso em particular não ter muito sentido dizer que ainda tem muito do café para passar para água, e eventuais sabores ruins que ainda possam ir pra xícara são plenamente compensados pelos sabores bons (especialmente maior doçura) que vão para a xícara devido a uma extração maior. Enfim, nos últimos dois anos, não tomei um café excelente que estivesse bem extraído e que tivesse algum amargor, em qualquer método (menos espresso que não faço).
Já fiz inúmeras vezes, inclusive, um teste que o próprio Rodrigo KS já me sugeriu que é ir separando as extrações a cada 30 ou 60 seg em xícaras separadas, medir o TDS de cada uma e provar o sabor, delas e nunca senti na última xícara algo que pudesse prejudicar o sabor total do conjunto das xícaras. Isso se o café, repito, for excelente e estiver bem extraído.
E volto a afirmar sem medo, o que descobri há dois anos atrás, e que só venho confirmando ao longo deste período. Café amargo (se não for defeito do grão) é café que, no conjunto do pó, foi subextraído, e não sobreextraído como costumam dizer. A coisa mais difícil de se conseguir é realmente sobrextrair do conjunto do pó: já fiz infusões na AP de até 12 min, ou em percolados de até 9 ou 10min e não sobreextraí do conjunto do pó, ou seja o café não amargou justamente porque não passei do sweet spot dele.
Ah! e, sim, eu sou super sensível a amargor, e cada vez mais radical (ou conformado) quanto a isto: um mínimo de amargor já me tira o prazer de tomar determinado café, não importa o quão complexo, rico ou exótico ele seja. Meu primeiro critério de apreciação é amargor: amargou, dançou!