Oi Carlos Eduardo
então, eu sou da escola da Raposeiras (fiz minha formação lá) então todos os lotes são torrados várias vezes buscando o melhor perfil pra manter as características do que o barril pode passar. No caso do café do barril fiz dezenas de torras e juntamente com o Luiz do Supernova chegamos a dois tipos de torra: A) uma que eu faço específicamente para fornecer as cervejarias (baixo fluxo de ar, torra rápida e resfriamento 1min pós crack) que torna o café com intenso aroma de bourbon e bem doce no aroma seco, pois esse café é usado por cervejarias (Dogma; Way, Klein, Grimpa, Mercado do Malte, Mutt Dog, etc) em infusão na fase de maturação (logo antes de engarrafar) em grãos inteiros, durante 2 a 5 dias a 0 graus, passando a impressão de que a cerveja inclusive ficou meses em barril de madeira. Esse tipo de torra algumas pessoas adoraram e pediram mais inclusive, mas não é do gosto da maioria, reparei que é mais a turma cervejeira com 3mil rótulos ou mais com treshold sensorial extrapolado que curte sours azedíssimas ou russian imperial stouts super amargas e amadeiradas que gostam.
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B ) uma torra com curva de secagem um pouco mais branda, tempo de torra em torno de 13 minutos e resfriamento 1min após o crack: esse tipo que distribuo no clube do assinante em lojas e é o mais popular e bem aceito pelas pessoas que estão acostumadas com maior sutileza sensorial e não toleram tanta pancada, principalmente no espresso, mas mesmo assim gosto de enfatizar que é um espresso um tanto quanto selvagem, honestamente eu gosto de fazer ele na Aeropress e na Clever. Mas se for pra resumir, eu gosto bastante de café com torras claras, já fiz algumas testes com torra escura e ficou aquilo que o Tal Fishman do Whiskey Barrel Coffe faz. Aliás, visitei as instalações deles em Denver esse ano e vou dizer que eu o Henry Louis estamos fazendo aqui é, modéstia a parte, bem mais caprichado. Visitei um punhado de pequenas torrefações nos estados unidos esse ano e fiquei assustado de ver tanta torra carbonizada, dava dor na alma ver tantos grãos africanos serem abusados daquele jeito. Eu penso que temos uma questão até cultural aqui, tanta dificuldade de conseguir grãos de fora do Brasil e quando aparecem por aqui na mala de alguém nós procuramos torrar ele da melhor maneira possível né? Lá nos EUA dá impressão que eles tratam o café, via de regra, de qualquer jeito, conseguindo uma tintura pra colorir o leite tá bom, é complicado, eles parece que gostam, mas não me faz a cabeça esse tipo de abordagem na torra de um grão. Bom acho que fui prolixo ehhe mas enfim, eu gosto de torras mais claras, mas vezes se tem boas surpresas com elas mais escuras, mas o ideal é buscar o perfil ideal e o ponto evitando queimar a caramelização.