Não exatamente, @hade
Isso é uma super-simplificação baseada na opinião de um técnico a respeito de apenas 1 método, focado no espresso...
O sistema daqueles mós mastigadores (em português, burr deve ser traduzido por mó, de onde vem o verbo moer e a palavra moedor ) é usado em grandes moedores industriais para moer café dito "commoditie" (i.e.: de supermercado) em grandes quantidades sem muita preocupação com qualidade. Barato de fazer e manter, mantém o custo final baixo para um produto que precisa ser barato. Há ainda moedores industriais que usam sistemas de engrenagens para triturar em vez de moer, e outros que realmente usam brocas para movimentar os grãos na direção dos mastigadores. Alguns dos antigos moedores manuais de grãos (amendoin, café, soja etc.) usados em fazendas usavam também essa combinação de broca com mós mastigadores ou apenas um mó "integral" encostado em um disco perfurado que permite outro tipo de moagem (como de carnes etc).
Mós planos, como o segundo jogo apresentado, são os mais populares para se conseguir bons resultados e tem vantagens e desvantagens sobre os cônicos, o terceiro conjunto apresentado no vídeo.
Há também alguns erros no vídeo, pois moedores como o EK-43 da Malhkönig, considerado um dos melhores do mundo para métodos de infusão prolongada (como V60 ou Aeropress) usa mós planos refinados de alta precisão na vertical, a mesma posição dos mós mastigadores mostrados primeiro. E o Mythos, da Nuova Simonelli, usa mós planos "inclinados" (nem horizontais nem verticais).
É mais fácil centralizar mós cônicos do que planos, mas a natureza da recepção dos grãos aumenta a eficiência da alimentação, o que exige maior torque para girar e também menor velocidade para não superaquecer por excesso de atrito. O cara do vídeo entendeu errado. Mós cônicos, na mesma velocidade dos planos, superaquecem muito depressa. Assim, é comum moedores de mós planos comerciais usarem um sistema de transmissão direta, em que o suporte do mó que gira é preso diretamente ao motor, enquanto os moedores cônicos tendem a utilizar um sistema de redução (correia ou engrenagens) para reduzir a rotação e aumentar o torque final. Moedores domésticos costumam precisar de um sistema de redução por conta dos motores de pequeno porte. Mas há variantes nos dois sentidos, dependendo de cada particularidade de projeto.
É mais difícil alinhar mós planos, pois quanto maior o diâmetro, o que aumenta a eficiência, maior a dificuldade de mantê-los paralelos, pois maior a distância entre o ponto de apoio (centro do suporte do mó que gira) e o ponto de aplicação da força (borda dos mós).
Logo, costuma ser mais barato alcançar consistência com mós cônicos do que planos, para obter a mesma qualidade final em termos de "curva granulométrica".
Contudo, com a tecnologia atual de usinagem de mós, e com os materiais altamente sofisticados que podemos usar, não parece fazer muita diferença entre mós cônicos e planos, mas sim o desenho e a qualidade dos mós em si. Pode-se fazer mós mais unimodais (apenas um foco granulométrico) ou bimodais (dois focos granulométricos) a partir de variações de desenho, daí é uma questão de engenharia e investimento para conseguir consistência com a tecnologia escolhida.
Muitos membros do clube poder oferecer mais informações, o @Gilberto fabrica os moedores Bravo, que são fantásticos, e estou certo de que muitos outros podem ter opiniões diferentes das minhas.
Em vez de escrever um artigo sobre isso, paro por aqui, recomendando que você leia mais por conta própria e forme suas opiniões com base em diversidade e, se possível, experimentação.
Boa sorte e boa pesquisa!
PS: você nomeou o tópico "engenharia de moedores", então espere algumas pessoas postarem coisas bem mais técnicas do que eu...