@Lipe, acho que vc não entendeu: eu estou moendo tão fino que está cheio de fines, estou trabalhando com muuuitos fines (<= 100 micra).
Quanto à sobre-extração ela não só amarga, como também mata o café. Mas não é essa sobre-extração de que vc está falando. Quando vc realmente sobre-extrai (passa o sweet spot) o café de repente piora demais, fica com um amargor diferente (pior), a doçura parece que some e o café fica flat, além de outras notas como celulose etc. Já descrevi isto antes, é como se vc estivesse batendo maionese e de repente liquefaz, ou batendo creme de leite para fazer chantilly e de repente vira manteiga.
Agora, sobre-extrair mesmo do conjunto do pó (supondo-se que a granulometria esteja razoavelmente homogênea) não é fácil. Eu uso essa moagem bem fina, água fervendo, infusão super longa (pros padrões vigentes), agito regularmente (o que poucos fazem, quando fazem) e ainda assim para sobre-extrair preciso deixar uns 7+ min em infusão (na AP, ou Clever) para realmente passar do sweet spot pra um café na 2ª semana da torra. Para um café na 3ª ou 4ª semana, já fiz infusão (só infusão, sem contar a descida do êmbolo) de 13 min, e não amargou (leia-se, não passou do sweet spot).
Por isso que eu digo que esse amargor de extrações mais tradicionais não é de sobre-extração, mas sim de falta de doçura devido a sub ou hipoextração do conjunto do pó. Existe um outro (falso) sweet spot na zona limítrofe de baixa extração (digamos abaixo dos 18% da tradicional caixa que vai até 22%) em que o café amarga (ou ainda está amargo), mas continuando a extrair mais, e justamente devido aos açúcares (inclusive dos óleos), a percepção de amargor vai sumindo, a doçura aumenta, a acidez fica brilhante e complexa, até que vc passa o verdadeiro sweet spot e o café estraga de vez. Só que passar esse sweet spot não é fácil....