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Na gringa a ideia de fazer água customizada para café é algo bem comum, mas me parece pouco discutido por aqui. Não achei muito material prático em português e os poucos tópicos aqui do fórum mais falam sobre filtros e etc. Pois bem. Não tendo a intenção de esgotar o assunto, nem dar carteiraço de autoridade, até porque químico eu não sou, mas vou repassar pra vocês a minha rotina caseira de preparação de água do zero, passo a passo, pra qualquer um fazer. Posso garantir que o salto de qualidade pode ser muito grande, a depender da água que o leitor hoje use, comparável a um upgrade de moedor, por assim dizer. Na minha experiência dos últimos tempos, eliminar a água como uma variável da extração é algo muito positivo, principalmente porque os filtros de água tentem a perder eficácia com o tempo, e isso muda a quantidade de minerais na água; quem opta por água mineral ainda pode sofrer do mesmo dilema, ainda que em menor escala, porque existe uma padronização maior. Essa água também me fez cafés melhores do que os filtros que já usei, então mais um ponto positivo. Chega de enrolação. Alerta de post longo. VOCÊ VAI PRECISAR DE 1) Água destilada ou próxima disso: É bem comum partir de uma água com o mínimo de sólidos possível (TDS 0,0). Você tem a opção de comprar água destilada (comprada em garrafão), utilizar um sistema de osmose reversa na sua casa (bem caro) ou, como eu faço, utilizar um pitcher da ZeroWater, que agora temos a sorte de ser vendido no Brasil com distribuição oficial da IBBL (que também faz ótimos filtros, diga-se de passagem) Segue o link: https://www.ibbl.com.br/jarra-purificadora-domestica-zerowater-azul-90080001/p?idsku=135&gclid=CjwKCAjw1YCkBhAOEiwA5aN4ATOnFC3OxN29SUci5zxk5jkLgKLwai-TXBhrac2MAYis_zsNhhiTFRoCVxAQAvD_BwE O pitcher em si é um investimento relativamente alto, mas já vem com um filtro (que custa na média de 150 reais) e um medidor digital de TDS, que é interessante para saber como está sua água “pura” e da torneira, e se você não fez burrada na receita. É um medidor simples, mas serve para saber se você está no caminho certo. O recomendável é fazer medições com a água em torno de 25º para maior precisão. A durabilidade do filtro, como qualquer outro, depende da dureza da água que passa por ele. Como aqui a água é relativamente mole (60ppm), eu posso esperar uma vida útil perto de 200 litros (o medidor de TDS vai começar a apontar 0,05, por exemplo, e aí está na hora de trocar). Na ponta do lápis, pelo menos na minha cidade, sai mais barato que comprar água destilada 2) Minerais: Pela internet existem várias receitas com várias combinações possíveis. Uso uma combinação de três minerais que conseguimos achar com relativa facilidade no Brasil. Você vai precisar comprar a) Bicarbonato de sódio (NahCO3): esse normal que se acha em qualquer mercado. Sem firulas. b) Sulfato de Magnésio Heptahidratado (MgSO4.7H2O): não se assuste com o nome. É bem provável que você ache em farmácias com a denominação de “sal de epsom” ou “sal amargo”. A questão fica se o produto que você encontrar é alimentício, garanta isso por questões de saúde. Mais sobre isso adiante. c) Cloreto de Cálcio (CaCl2): você provavelmente vai achar em duas formas, “anidro” ou “di-hidratado”. As duas formas servem, apenas mudará a dose – tenha, porém, certeza de qual forma está comprando, porque às vezes na embalagem/site apenas estará escrito “cloreto de cálcio” e nada mais. Na dúvida, pergunte ao vendedor. Também garanta que o produto é alimentício. Os dois últimos podem ser facilmente achados em lojas de produtos de cerveja artesanal (pelo menos no Brasil, esse pessoal está na nossa frente nesse tópico – é algo comum nesse meio trabalhar com a composição da água). Eu recomendo a www.piquiribrewshop.com.br. Fui muito bem atendido, envio rápido, e tenho certeza das especificações dos minerais, além da garantia de ser alimentício. Sulfato de magnésio: https://www.piquiribrewshop.com.br/produto/sulfato-de-magnesio-alimenticio-100g.html Cloreto de cálcio: https://www.piquiribrewshop.com.br/produto/cloreto-de-calcio-alimenticio-100g.html OBS: não se anime em comprar grandes quantidades para “baratear”. São utilizadas quantidades muito pequenas. Potes de 100g devem durar alguns anos. 3) Balança: Eu uso uma “balança de joalheiro”, com precisão de 0.000. Comprei essa do Aliexpress e tem funcionado bem: https://pt.aliexpress.com/item/32849231936.html?spm=a2g0o.order_list.order_list_main.11.543fcaa4appVIb&gatewayAdapt=glo2bra É mais um gasto para todo o processo, mas ainda entendo ser melhor gastar 70 reais para melhor consistência, porque, como verão adiante, são quantidades bem pequenas a serem misturadas. O pessoal que tem balança Acaia com precisão de 0.00 acredito que não precise comprar outra. Não vou desencorajar quem só tenha balança com precisão de 0.0 a fazer a receita, mas faça por sua conta em risco, sabendo que a precisão estará comprometida. 4) Um recipiente grande: Para não ter que fazer diariamente a mistura, eu opto por fazer 5l de uma só vez, e vou usando ao longo dos dias. Uma solução bem barata é comprar um garrafão de 5l de água mineral em qualquer mercado. Depois de beber toda a água mineral (ou fazer café?), você terá um bom recipiente para sua água customizada por um punhado de reais. Apenas lembrando que as garrafas PET têm uma validade, então fique de olho nisso. SOBRE A RECEITA: A ideia do post não é falar sobre o papel de cada mineral no resultado, mas algumas breves considerações precisam ser feitas. Em primeiro lugar, essa receita é focada em café coado, ou outro método manual que preferir. Uma receita para espresso fica para um segundo momento. O magnésio e o cálcio tem o papel de definir a dureza da água (o alvo é 60ppm nessa receita) e o bicarbonato de sódio definir a alcalinidade da água. A alcalinidade de água tem relação com a percepção de acidez do café, que naturalmente é uma bebida ácida, ainda que estejamos falando de café com torra escura (!). Um café muito ácido é difícil de tomar de tão azedo, um café pouco ácido é sem graça. No meio termo disso temos um ponto de equilíbrio, mas onde fica esse ponto é muito subjetivo, incluindo o gosto pessoal de quem bebe. A SCA recomenda por padrão 40ppm de KH, e esse é um número bem difundido e capaz de geral bons resultados. Eu, particularmente, prefiro 30ppm (medida que aumenta a percepção de acidez) em razão do meu gosto pessoal por cafés mais frutados, cítricos. Não fiz testes cegos, triangulações e tudo mais. Pode ser apenas um viés de confirmação de minha parte. Abaixo vou colocar as medidas com 40ppm e 30ppm de KH. Fique a vontade para usar a que preferir, ou mesmo mudar, para cima ou para baixo, ajustando a quantidade de bicarbonato de sódio, mantendo igual o magnésio e o cálcio. PREPARAÇÃO 1) Pegue seu recipiente e coloque 5l de água pura dentro. Reserve. 2) Pegue sua balança e meça as seguintes quantidades de minerais: OBS: entre parênteses coloquei as medidas em 0.000, mas eu sempre arredondo na segunda casa decimal (duvido que eu vá perceber a diferença): a) Sulfato de Magnésio: 0.51g (0.506g) b) Cloreto de Cálcio: 0.14g (0.137g) se di-hidratado ou 0.10g (0.104g) se anidro. c) Bicarbonato de sódio: 0.25g (0.251g) para 30ppm KH ou 0.34g (0.336g) para 40ppm KH. 3) Despeje no recipiente com a água pura. Provavelmente vão ficar bastante mineiras colados na “conchinha” para medir. Dê uma “chuchada” na água para que não fique nada sobrando. 4) Dê uma boa chacoalhada no garrafão e pronto! Sua água está pronta para consumo. Eu guardo a água na geladeira e vou usando. É possível deixar fora, e se você consumir dentro de uma semana, provavelmente não terá nenhum prejuízo. Isso vai depender do clima, da umidade e do quão rápido você consome. Se por acaso sentir um cheiro estranho, ou gosto diferente no café, sugiro cogitar armazenar na geladeira. Era isso por hoje. Desculpem o post longo. Estou à disposição para quem quiser um auxílio, mas, como viram, não é nada muito complicado. Abraços.1 point
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Pode deixar! Já experimentei e gostei bastante, mas vou fazer mais uma testes.1 point
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Por aqui (RJ) só uso a Prata. Tenho pouca experiência com outras águas mas gosto muito do resultado com ela.1 point
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Achei a água mineral Prata em Sorocaba, no Supermercado Confiança. Já comprei algumas pra testar.1 point
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Achei uma água mineral ainda melhor, que tem alcalinidade 30 ppm e dureza 38 ppm, pH 6,5, sódio 7,5. Chama Aguaí, porém só estou encontrando pra vender em MG1 point
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Olá. Também não conheço, mas vou te dar sugestão de jogar o nome da cidade na ferramenta de pesquisa aqui do Fórum. Aparecem algumas dicas interessantes. Saudações!1 point
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ha destruído o café, mas foi umas das minhas melhores extrações. Então não se apegue ao tempo. Seta a temperatura para 95 ou 96 graus, se for possível. Eu acho que a minha veio com 92 graus, como padrão. Tenta com 20g. Opa Marco ... só consegui ver agora ... p mim a brincadeira continua dia 15 .... estou fora a trab ... mas vou fazer esses testes assim q voltar.... por acaso conhece algum lugar legal de cafe em Barcelona ? Venda de equipamentos ou cafeterias ? Abs e grato Fala Danilo .... mal comecei a curtir o brinquedo novo e precisei viajar ... dia 15 vou testar esses setup,s que vc falou aqui .... a maior frustração até agora foi a vaporização... mas é aprendizado... se na gaggia eu conseguia... não é possível kkkkk1 point
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A vantagem em relação à água mineral é a possibilidade de manipular a alcalinidade e dureza como bem entender. Fazendo uma analogia besta: usar água mineral pronta é como se ter um moedor sem regulagem, a única moagem possível é no ajuste que vem de fábrica. Claro, essa regulagem pode estar num ponto que funciona bem para a maioria dos cafés e paladares, mas não te permite explorar outras abordagens. O que eu fiz foi criar minha própria Lotus (tem uma postagem no tópico DIY - Água para café). É difícil criar os concentrados com a mesma acurácia e ter acesso aos minerais de grau laboratorial que o Lotus tem, mas chega 90% lá, eu diria. Montei uma calculadora para criar os concentrados também: https://docs.google.com/spreadsheets/d/15MMQ1ES59hA2JLPfw_VHGyXwtgRpIaTwLalJrU4MkZ0/edit?usp=sharing1 point
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O ideal é olhar o rótulo, pois o conteúdo mineral varia mesmo dentro de uma mesma marca, pois a fonte pode ser diferente. Geralmente as águas mais caras nem prestam, pois geralmente possuem um conteúdo mineral incomum. A conta que você tem que fazer: Multiplica o valor do cálcio no rótulo por 2,497 e o de magnésio por 4.118. Somando os valores dessas multiplicações você tem a dureza. (Outros minerais também contribuem para a dureza, mas em menor escala e com pouca relevância para o café) Multiplica o valor de bicarbonato por 0,802 para achar a alcalinidade. Para referência a SCA recomenda uma dureza de 68 mg/L (o cálcio e magnésio somados) e uma alcalinidade de 40 mg/L. Eu recomendo ficar mais de olho na alcalinidade, ela é o que mais rapidamente estraga o café, pois tampona a acidez se em níveis altos. Como o Douglas, eu geralmente prefiro alcalinidade abaixo de 40 mg/L, mas isso varia com o paladar e o próprio café sendo usado. Se não quiser fazer o cálculo, tem essa calculadora aqui, é só clicar em "Bottle Calculator" e botar os valores. GH é dureza e KH é alcalinidade. https://www.baristahustle.com/app-archive-main/the-water-calculator/ --- Sobre o leitor de TDS, qualquer um baratinho serve. É só pra ver se tá dentro do esperado ou não. Mas se quiser um profissa tem o COM-100. Lembrando que na ZeroWater já vem um leitor com o conjunto.1 point