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A maioria das notas descritas nos cafés especiais são marketing para vender mais caro e lucrar mais!!?


willm20

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A maioria das torrefações tentam descrever como o café tem gosto na esperança de que você o compre. Não são totalmente falsos, mentiras ou algo do tipo, mas também não são particularmente exatos e muitas vezes são exagerados em nome da venda.

Ainda é café. Vai ter gosto de café primeiro, acima de tudo e sempre.

Mas nem todas as xícaras de café têm o mesmo gosto, apesar de todas realmente terem gosto de café. Da mesma forma que todo vinho tem gosto de uvas fermentadas, mas ninguém menciona isso. Dizer "tem gosto de café" é meio sem sentido quando você está tentando diferenciar seu café dos concorrentes - que também com certeza terão gosto de café.

Então, para nós, essas notas de degustação vêm com um prefácio tácito - "a maneira como esse café tem gosto diferente do nosso 'café médio' de referência nos lembra de" ... notas de groselha preta, raspas de limão, caramelo torrado, etc. E parte da razão pela qual os descrições escolhidas são tão ridículas às vezes é que ele não tem realmente gosto de nenhuma dessas coisas e todos estamos tentando encontrar palavras para descrever alguma diferença sutil no sabor para a qual simplesmente não temos palavras específicas - então pegamos a palavra mais apropriada de outro lugar. Açúcar mascavo, caramelo e rapadura todos têm um gosto ligeiramente diferente um do outro no mundo real, então se um café lembra mais um desses do que os outros, escolheremos o que parece melhor.

Mas infelizmente (da minha perspectiva, pelo menos), isso nem sempre chega ao mercado muito bem. E muitas vezes, temos pessoas que estão se aproximando do café especial, animadas para participar, aprender, experimentar e descobrir por que somos tão obcecados por algo tão... normal, e essas pessoas pegam algo que parece incrivelmente especial, preparam de acordo com as instruções comicamente específicas dos nerds do café e... tem gosto de café.

"Mas... mirtilo? Pêssego de verão?? Nozes torradas?!? WTF. Isso é literalmente só café. Essas pessoas estão mentindo."

Não é viés de sugestão - ou os sacos sem notas teriam gosto normal, as folhas de degustação nunca concordariam e coisas como competições de degustação seriam impossíveis. Existem diferenças muito sutis entre esses cafés que são percebidas de maneiras bastante consistentes pelos consumidores... só que você precisa acertar o suficiente na sua bebida para que elas sejam acessíveis.

** Retirado do sub gringo do Reddit, achei interessante 

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  • willm20 changed the title to Maioria das notas descritas nos café especiais são marketing para vender mais caro e lucrar mais!!?

Olá.

Minha modesta opinião de quem não tem paladar de Q-Grader:

Desconfiado por natureza que sou, procuro não deixar me seduzir pelo canto marqueteiro das sereias. Como apontado no comentário acima, por vezes trata-se de uma diferenciação sutil que depende um preparo específico. Para, ao final, obter... café! Não sei dizer se a maioria é puro marketing, mas é inegável que este é um componente forte na descrição de qualquer produto.

Isso vale tanto para as notas do café quanto para algumas outras questões que viraram modinha, como esse negócio de querer vender a história que está por trás daquele grão. "O Seu Zé, que produz o Café Kof-Kof é um cara sempre de bem com a vida, mestre do carteado e exímio pé de valsa..." Que bom para ele! Mas isso não me interessa.

Além disso, mesmo que o tal café tenha realmente as notas descritas no pacote, eu não vou ter como saber se elas estão presentes de modo natural no grão ou se algum processo tecnológico foi responsável pela característica, no melhor estilo Matrix. Escrevo isso tendo em vista a capacidade atual de modificação genética, utilização de insumos agrícolas e até de aditivos durante o beneficiamento. Quem pode afirmar com certeza que ninguém lança mão de artimanhas desse tipo ou similares para atingir determinado perfil sensorial?*

Não duvido que haja, sim, bons cafés com perfis diferenciados e que sejam capazes de evocar determinadas sensações. Porém, de um lado, não existe um "notômetro" que possa, de modo objetivo, aferir as qualidades da bebida. De outro lado, a percepção humana não é igual para todos. 

Por fim, eu repetiria a obviedade que o importante mesmo é gostar do resultado na xícara, tenha isso gosto de "fã sustenido" ou de "entardecer tropical" ou sei lá o nome que se queira dar às notas únicas, incríveis e sensacionais daquele pacote.

Saudações!

 

*Nota: puxando de memória um exemplo de uma outra cultura,  lembro-me de uma reportagem que vi, já faz muito tempo, sobre a produção de bananas geneticamente melhoradas para terem um determinado tamanho, de modo a ocuparem todo o espaco disponível do caixote. Caixote esse que, por sua vez, ocupava todo o espaço do container. Assim se otimizava o espaço nos navios que levavam a produção do Equador para os mercados consumidores. É assustadora a nossa capacidade de aprendizes de feiticeiro, "comandando" a natureza para que seja obtido o que queremos. E, se entrarmos na questão da psicologia do consumo, aí é que a porca torce o rabo mesmo.

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  • willm20 changed the title to A maioria das notas descritas nos cafés especiais são marketing para vender mais caro e lucrar mais!!?

Eu diria que é alternativa
d) Todas as alternativas acima estão corretas.

Mesmo em concursos raramente há unanimidade quanto às notas apresentadas. Existem também os métodos de fermentação e infusão que deixam a detecção do que é natural mais difícil ainda e realçam demais algumas notas. E de forma alguma invalido nenhum método, nem a fermentação nem a infusão, desde que seja revelado pelo produtor. E principalmente para evitar o uso de química e aromatizantes artificiais em qualquer processo desses para realçar alguma nota de não sabemos se a longo prazo podem haver efeitos colateriais nocivos. A boa notícia é que quando há exageros, isso aparece no retrogosto.

No final do dia eu tenho uma máxima que sempre digo, "A sua lingua nunca se engana. Se está ruim , está ruim mesmo. Se está gostoso, isso é o suficiente." Muitas vezes eu leio o rótulo com as notas apenas depois que provo o café. E a gente tem que voltar a se acostumar com aquele café verdadeiramente equilibrado, que você não consegue discernir uma nota em específico mas em 30 segundos você já tomou a xícara, facinho, facinho. E depois de meia hora vem aquele retrogosto te lembrando, "Aquele café tava gostoso, dá pra servir outro?"

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Sobre o OP, ele tem um ponto no sentido que de fato alguém que não esta habituado a ver descritivo de sensorial ler um rótulo e levar um café de um mercado ou cafeteria para casa, essa pessoa vai ter uma reação de pensar que a torrefação ta de sacanagem...

Mas sei lá, por outro lado eu tenho dificuldade de imaginar, em 2024, essas pessoas interessadas em aprender e ser parte da comunidade que ele menciona que ficariam decepcionadas ao se deparar com um café que não tem gosto do que esta escrito na embalagem, se no mar de informação que existe o que atraiu a pessoa foi uma expectativa de sabor de pêssego, mirtilo e nozes torradas, talvez essa pessoa só não fosse gostar de café especial de qualquer forma... não me parece que nada foi perdido porque na embalagem tinha um texto falando sobre como esse café tem gosto de sinestesia.

E sobre se os sabores prometidos serem naturais e tal, sera que importa? A gente já esta pegando frutas que, salvo raras exceções, estão vindo de plantas que vem sendo selecionadas artificialmente pra ter características que a gente gosta já faz muito tempo, aí a gente separa dessa fruta uma semente que tem um leve gosto de semente com notas de mato e um retrogosto de coisa que não foi feita pra comer e vamos então passar por no mínimo processos de secagem, torra, cominuição e uma etapa de extração pra chegar num líquido que tem um sabor que nos agrade. Pra mim, como quase tudo que o humano consome, o natural já passa longe faz tempo... Se quiser fazer melhoramento genético da planta usando radiação, vetor viral e voodoo, meter uma levedura exótica, fermentar a fruta de ponta cabeça antes de pegar o grão e no fim colocar aromatizante pra mim ta maravilha basta me informar como foi feito que ao meu ver é mais opção no mercado.

 

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Parei de adoçar café quando ainda bebia Melitta Extra Forte. 

Dito isso, suponho que minha rinite atrapalhe bastante a percepção de detalhes e notas. Entretanto certamente consigo dizer se um café é ou está bom ou ruim. 

Faz cerca de 30 anos que bebo café sem açúcar, e provei tantos diferentes (centenas? Mais de mil?) que passei há muito tempo do ponto de me decepcionar com descrição em rótulo. 

Só olho se não é café aromatizado com essências, porque, se for, eu não compro. 

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Depois que entendi como as coisas funcionam, pensei muito sobre isso e compartilho das ideias dos amigos.

Foi uma das pautas que levei para os amigos do @Bora cafée eles me explicaram que isso se dá pela roda de sabores. Acredito que eles possam explicar melhor, mas em teoria, a empresa tá com regulamento debaixo do braço.

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Antes de estudar sobre o café, essa tal coisa sempre me intrigou. Eu ficava me perguntando na minha reles ignorância. Café com notas de chocolate? Será que esse café foi plantado junto a uma plantação de cacau?:o Como pode? Será que aconteceu alguma simbiose?  

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3 horas atrás, Ari Pereira disse:

Antes de estudar sobre o café, essa tal coisa sempre me intrigou. Eu ficava me perguntando na minha reles ignorância. Café com notas de chocolate? Será que esse café foi plantado junto a uma plantação de cacau?:o Como pode? Será que aconteceu alguma simbiose?  

E qual a conclusão vc chegou hoje? Já conseguiu identificar todas essas notas na xícara?

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Como EU, no MEU atual estágio de conhecimento dos sabores de café, parei de gastar com pontuações altas. Uma porque fazia minha cabeça a forçar de cafés que meu paladar em si não gostava, outra porque acredito sim que exista uma elitização quando falamos desse tipo de produto.

Atualmente eu tenho procurado muito mais por processes do que por notas. Percebi que tenho preferência aos cd/honey, então acabo procurando por esse tipo de café, e de preferência comprado em algum lugar com viés parecido com o meu.

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 Olá. 

3 horas atrás, Favero disse:

parei de gastar com pontuações altas.

Já tive ocasião de comprar uns grãos com alta pontuação que me agradaram muito e outros, também com alta pontuação , que não me agradaram nem um pouco. Com relação a notas, os do Lucca Cafés que têm perfil achocolatado tendem a me agradar mais do que florais ou frutados, mas há várias exceções a essa "regra".

Saudações!

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10 minutos atrás, valacomum disse:

 Olá. 

Já tive ocasião de comprar uns grãos com alta pontuação que me agradaram muito e outros, também com alta pontuação , que não me agradaram nem um pouco. Com relação a notas, os do Lucca Cafés que têm perfil achocolatado tendem a me agradar mais do que florais ou furtados, mas há várias exceções a essa "regra".

Saudações!

Eu também vou mais para o perfil achocolatado. Meu "erro" foi ter visto muito canal com preferência para os florais, ai por um tempo eu achava que tinha que ir para esse caminho.

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4 horas atrás, valacomum disse:

 Olá. 

Já tive ocasião de comprar uns grãos com alta pontuação que me agradaram muito e outros, também com alta pontuação , que não me agradaram nem um pouco. Com relação a notas, os do Lucca Cafés que têm perfil achocolatado tendem a me agradar mais do que florais ou frutados, mas há várias exceções a essa "regra".

Saudações!

Cafés fermentados de torra clara são uma boa? Geralmente te agradam?

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4 horas atrás, willm20 disse:

Quais cafés vc costuma comprar? Se puder deixar a torrefação também

Para o dia a dia eu tenho comprado aqui em Curitiba mesmo, no Manifesto Café, procurando sempre um que seja no processo honey, que deixa ainda mais doce. Como eu sei o dia que torram, consigo sempre fresco.

As últimas vezes na internet foram o Café Kawá Caramelo da Fazendo Jotacê.

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Olá.

 

6 horas atrás, willm20 disse:

Cafés fermentados de torra clara são uma boa? Geralmente te agradam?

 

Não tenho nenhum problema com fermentados, mas não cheguei a pegar nenhum de torra clara -- e nem procuro por isso, para ser bem sincero.

 

6 horas atrás, willm20 disse:

Quais cafés vc costuma comprar? Se puder deixar a torrefação também

 

Sei que a pergunta foi para o outro colega, mas pego carona e respondo que costumo pegar o São Luiz do Lucca Cafés.

 

Saudações!

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Em minha desimportante opinião, diria que não. Acredito que essa tendência de marketing agressivo seja um desvio, um acidente, embora aborrecedor, não suficiente para estragar tudo. 

Tem muito trabalho, método, normativas e estudo para a construção de quadro de notas, o que, a rigor, é uma forma de explorar as possibilidades do café. Ao mesmo tempo, e isso ocorre em vários ramos do conhecimento científico moderno, temos produtos cada vez mais especializados e atomizados, a afastar da prática do cotidiano (mesmo que bem informada) o conhecimento, e a parte da comunicação seria uma chave para ligar conhecimento e prática, porque, assim, o conhecimento passa a ter um porquê quando faz sentido na vida. Afinal de que serve um conhecimento sofisticado, restrito aos escolhidos e premiados?  

De maneira geral, café especial é um campo em desenvolvimento, em termos de economia, cultura, mercado, pesquisa, ciência etc. Claro que, num cenário de muita competição, de forte influência no imaginário via redes sociais, no comportamento mesmo de consumo, se tem um forte apelo do marketing. E aqui nem acho que seja "lucrar mais" ou um plano maligno e tal de exploração, mas, sobrevivência, uso de armas contemporâneas, com a desvinculação entre produtor, torrefação e o comercial como resultado, o que, ao cabo, pode afetar inclusive o próprio consumo, mais cético e desconfiado com o tempo. É questionável sobretudo quando vinculam certo grão a alguma coisa processada (como torta x, mousse, goiabada etc.), ajuda a enfraquecer o elo de credibilidade entre cliente e torrefação, penso. 

Porém, isso tudo vem de algum lugar... Os cafés são diferentes, sim, entre si (os processos, as técnicas, o perfil, a torra etc.), e de minha parte guardo com carinho quando descobria diferentes grãos, vendo como tudo aquilo era um mundo prenhe de possibilidades e surpresas. 

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4 horas atrás, Octávio disse:

Em minha desimportante opinião, diria que não. Acredito que essa tendência de marketing agressivo seja um desvio, um acidente, embora aborrecedor, não suficiente para estragar tudo. 

Tem muito trabalho, método, normativas e estudo para a construção de quadro de notas, o que, a rigor, é uma forma de explorar as possibilidades do café. Ao mesmo tempo, e isso ocorre em vários ramos do conhecimento científico moderno, temos produtos cada vez mais especializados e atomizados, a afastar da prática do cotidiano (mesmo que bem informada) o conhecimento, e a parte da comunicação seria uma chave para ligar conhecimento e prática, porque, assim, o conhecimento passa a ter um porquê quando faz sentido na vida. Afinal de que serve um conhecimento sofisticado, restrito aos escolhidos e premiados?  

De maneira geral, café especial é um campo em desenvolvimento, em termos de economia, cultura, mercado, pesquisa, ciência etc. Claro que, num cenário de muita competição, de forte influência no imaginário via redes sociais, no comportamento mesmo de consumo, se tem um forte apelo do marketing. E aqui nem acho que seja "lucrar mais" ou um plano maligno e tal de exploração, mas, sobrevivência, uso de armas contemporâneas, com a desvinculação entre produtor, torrefação e o comercial como resultado, o que, ao cabo, pode afetar inclusive o próprio consumo, mais cético e desconfiado com o tempo. É questionável sobretudo quando vinculam certo grão a alguma coisa processada (como torta x, mousse, goiabada etc.), ajuda a enfraquecer o elo de credibilidade entre cliente e torrefação, penso. 

Porém, isso tudo vem de algum lugar... Os cafés são diferentes, sim, entre si (os processos, as técnicas, o perfil, a torra etc.), e de minha parte guardo com carinho quando descobria diferentes grãos, vendo como tudo aquilo era um mundo prenhe de possibilidades e surpresas. 

Excelente pontuação. Obrigado.

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Em 23/11/2024 at 05:43, valacomum disse:

Olá.

Minha modesta opinião de quem não tem paladar de Q-Grader:

Desconfiado por natureza que sou, procuro não deixar me seduzir pelo canto marqueteiro das sereias. Como apontado no comentário acima, por vezes trata-se de uma diferenciação sutil que depende um preparo específico. Para, ao final, obter... café! Não sei dizer se a maioria é puro marketing, mas é inegável que este é um componente forte na descrição de qualquer produto.

Isso vale tanto para as notas do café quanto para algumas outras questões que viraram modinha, como esse negócio de querer vender a história que está por trás daquele grão. "O Seu Zé, que produz o Café Kof-Kof é um cara sempre de bem com a vida, mestre do carteado e exímio pé de valsa..." Que bom para ele! Mas isso não me interessa.

Além disso, mesmo que o tal café tenha realmente as notas descritas no pacote, eu não vou ter como saber se elas estão presentes de modo natural no grão ou se algum processo tecnológico foi responsável pela característica, no melhor estilo Matrix. Escrevo isso tendo em vista a capacidade atual de modificação genética, utilização de insumos agrícolas e até de aditivos durante o beneficiamento. Quem pode afirmar com certeza que ninguém lança mão de artimanhas desse tipo ou similares para atingir determinado perfil sensorial?*

Não duvido que haja, sim, bons cafés com perfis diferenciados e que sejam capazes de evocar determinadas sensações. Porém, de um lado, não existe um "notômetro" que possa, de modo objetivo, aferir as qualidades da bebida. De outro lado, a percepção humana não é igual para todos. 

Por fim, eu repetiria a obviedade que o importante mesmo é gostar do resultado na xícara, tenha isso gosto de "fã sustenido" ou de "entardecer tropical" ou sei lá o nome que se queira dar às notas únicas, incríveis e sensacionais daquele pacote.

Saudações!

 

*Nota: puxando de memória um exemplo de uma outra cultura,  lembro-me de uma reportagem que vi, já faz muito tempo, sobre a produção de bananas geneticamente melhoradas para terem um determinado tamanho, de modo a ocuparem todo o espaco disponível do caixote. Caixote esse que, por sua vez, ocupava todo o espaço do container. Assim se otimizava o espaço nos navios que levavam a produção do Equador para os mercados consumidores. É assustadora a nossa capacidade de aprendizes de feiticeiro, "comandando" a natureza para que seja obtido o que queremos. E, se entrarmos na questão da psicologia do consumo, aí é que a porca torce o rabo mesmo.

Cara, se liga na descrição de um café da Five Roasters, vendido por R$ 65

Descrição:

 

Sensorial: Bolo de Milho, Rapadura e Floral

“O café sempre será sobre relacionamento e pessoas, esse daqui é uma homenagem de um grande amigo nosso o Lazaro para sua mãe a Dona Sônia que é um guerreira e merecedora de um café desse nível. Um café extremamente doce com um sabor de bolo de milho que lembra casa da mãe e esse aqui tem um floral que traz uma complexidade incrível e não custa avisar....tem poucooooooo então corre para aproveitar.”

Olha a história que eles colocam por trás do café, sei que a Five Roasters é considerada uma das melhores torrefações do país, mas sentir notas de algo que é processado com farinha de trigo em um café que é uma fruta é no mínimo estranho e necessário um paladar absurdamente preciso, para tal.

Diro isso, concordo com seu posicionamento 

  • Confuso 1
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Ainda tem aquela velha história sobre carne de jacaré e rã: Tem gosto de frango...
Já peguei cafés da Bahia que a descrição era só de frutas regionais que eu nunca vi, então certamente quem escreveu era da região, talvez se o provador fosse gaúcho o mesmo café teria outra descrição. Acho que para evitar isso que foi criada a roda de sabores, dar um padrão.

Com o tempo eu entendi o seguinte, quando eu leio 'chocolate amargo' por exemplo, eu imagino como o conjunto entre doçura e amargor de um chocolate 70%, e ainda o corpo, o engrossar da saliva que o chocolate normalmente dá. Mas que definitivamente não vai ter gosto de chocolate meio amargo derretido!

Outra coisa que eu comecei a olha desconfiado, quando um café em mais de 4 características no sensorial. Sinceramente, fica parecendo que o provador não soube identificar direito e fica chutando, algum deles deve dar certo...

E como o exemplo do bolo de milho, ainda mais associado com o apelo de memória afetiva... Tem vó que usa leite de coco no bolo de milho, outra que usa erva-doce, milho verde cozido, milho de lata industrializado, milho orgânico... No geral eu costumo ignorar sensorial que remetem a produtos processados e afins.

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