Para não assustar e desestimular quem está iniciando, direi que comecei a comprar cafés em grão quando adquiri um moedor de lâminas. Preparava café em cafeteira elétrica e cafeteira italiana. Nessa época, há mais de 15 anos (não lembro direito), comecei a provar cafés "gourmet".
Há 12 anos entrou uma máquina de café espresso em casa. DeLonghi EC200CD, com filtros pressurizados. Causou uma mudança de hábitos. Aos poucos fui comprando cafés cada vez melhores, especiais.
Ganhei um moedor manual de mós de cerâmica, que moía de forma mais consistente que o de lâminas. Infelizmente era um produto chinês mais bonito que durável, e precisei procurar algo para substituí-lo.
Após algumas pesquisas e perguntas, escolhi um Mimoso Nº2. Retrô, brutal, de ferro fundido, mói facilmente qualquer café, mesmo de torras claras (mais duras). E mói rápido. O Mimoso não é tão consistente para ser seriamente considerado um moedor para espresso, porém no início eu ainda usava filtros pressurizados. Um dia comprei uns filtros não pressurizados e... não conseguia tirar nenhum espresso que prestasse. Fui atrás de outro moedor.
Um colega aqui do fórum ofereceu um moedor comercial usado, que ele havia modificado para usar em casa: substituiu o hopper por um pedaço de tubo de PVC, e não ficava bonito, mas já possibilitava moer doses, desde que usasse um pincel e um fole para tirar todo o café moído do moedor.
Então consegui fazer espressos com filtros não pressurizados. Entretanto, como o moedor elétrico é meio barulhento, ainda uso o Mimoso de manhã cedo. Como dei uma caprichada nele depois que chegou o elétrico, ele melhorou e ainda consigo usar para os falsos espressos na maquininha simples.
Estava nessa onda, querendo mudar de máquina, mas sempre pensando que o degrau seria alto. Sairia de uma máquina de quase mil reais para... o quê? Nem pensar trocar seis por meia dúzia, ou fazer um upgrade pequeno, só para constar.
Até que a máquina resolveu estragar, depois de 12 anos de serviços. Enquanto importava uma peça (válvula da bomba), e descobria que ainda precisaria trocar algo da parte elétrica, pois alguns fios estavam derretendo, surgiu a folga no orçamento para dar o pulo. E agora, 12 anos depois de iniciar minha jornada pelo espresso em casa, estou comprando uma máquina italiana com filtros de 58 mm, toda de metal, vaporizador decente (nem bebo café com leite!)...
Resumo: calma, que cada um terá uma história e uma caminhada.
Mas o maior consenso aqui no fórum é: moedor é importante. Sem caprichar em moedor, algo na extração poderá ser comprometido. Não vamos dizer que ficará ruim ou péssima: só saberemos a diferença depois de um bocado de condicionamento, prática e refinamento dos procedimentos e dos sentidos.
Quem nunca fez um espresso e tenta iniciar por uma máquina muito cara, poderá sofrer a frustração de aprender a domar uma fera (toda a preparação do bolo, surfar a temperatura etc.). Vejo alguns relatos por aí no fórum...
@reevtilian, vai com calma, não há necessidade de fazer tudo de uma vez. Sempre existe a possibilidade de passar adiante a primeira máquina e começar de novo, aprimorando alguma coisa.